Notícia

Um grupo de estudantes da Escola Estadual Giovani Faraco se juntou a integrantes da comunidade acadêmica da Udesc Joinville para assistir à peça “Coração em Chagas”, encenada nesta segunda-feira no auditório do Bloco F, no Centro de Ciências Tecnológicas (CCT). “Esta é a apressentação de número 70”, anunciou Jocemar Chagas, professor de Matemática e um dos integrantes do Grupo de Teatro Científico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (GTC-UEPG), reafirmando a longevidade da montagem criada em 2022. O evento foi promovido pelo Programa de Extensão Cientifi-CIDADE.

Ambientada no Rio de Janeiro do início do século 20, a peça explora a relação de amizade entre os dois cientistas mais importantes do país na época (Oswaldo Cruz e Carlos Chagas) e sua luta contra doenças infecciosas graves, como malária, febre amarela e varíola. Nessa luta, Carlos descobre uma doença nova, que acaba recebendo o seu sobrenome e lhe dá fama mundial.

Por esse contexto, causa certa estranheza a música-tema da peça: “Yo vengo a ofrecer mi corazón”, do argentino Fito Paez, lançada em 1984 e consagrada na voz de Mercedes Sosa. Jocemar explica: “Inicialmente foi uma escolha aleatória, mas depois descobrimos que o que matou Mercedes Sosa foi a doença de Chagas, e que essa moléstia não é apenas brasileira, mas foi detectada na Argentina e outros países latino-americanos. Então, tem tudo a ver”. Por ter convivido com a doença de Chagas por 30 anos, Mercedes Sosa inspirou uma campanha mundial contra a moléstia, considerada uma “doença tropical negligenciada”, por não receber investimento da indústria farmacêutica e dos governos, permanecendo incurável.

Oficina para professores

Integrado por cerca de 50 acadêmicos, professores e outros profissionais com alguma ligação à universidade, o GTC também une ciência e arte em atividades de formação docente. Aproveitando a passagem pelo campus da Udesc Joinville, o grupo dedicou a tarde desta segunda-feira para ministrar uma oficina aos alunos de licenciatura em Química. O trabalho é resultado do mestrado que o ator e professor João Serafim faz na UEPG.

“A formação do professor e o treinamento do ator: impactos do teatro na formação docente” é o título da oficina. Basicamente, o grupo trata de saúde laboral, algo que consideram negligenciado por quem se dedica ao magistério. “Voz e postura corporal são elementos essenciais tanto para quem atua quanto para quem ensina, são nossas ferramentas de trabalho”, afirma Serafim. “Só que os atores incorporaram na sua rotina os cuidados com as cordas vocais e com o corpo como um todo, mas os professores não fazem isso”.

Além disso, são apresentadas algumas técnicas teatrais que facilitam a comunicação e a interação em sala de aula, de modo a facilitar o processo de ensino-aprendizagem. A base teórica para a oficina é o “Manifesto CiênciArte”, movimento multicultural que propõe uma "nova Renascença".


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