Notícia

Pesquisadores da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) são organizadores e autores de capítulos do livro Educação não presencial - Polêmicas e Controvérsias, lançado em agosto deste ano em versão digital. Acesse o livro.

Organizada por três docentes com extensas trajetórias na Udesc, inclusive na gestão - Rogério Braz da Silva, Peter Johann Bürger e Sandra Ramalho e Oliveira - a obra foi editada com financiamento da Fundação de Estudos Superiores de Administração e Gerência (Fesag).

A coletânea reúne treze artigos, desenvolvidos com a contribuição de 23 autores (veja a lista completa ao final do texto), dentre docentes da universidade estadual e de outras instituições catarinenses e brasileiras.

Perspectivas

Conforme os organizadores, "mais do que apresentar conclusões definitivas, o objetivo do livro é apresentar perspectivas diversas sobre as grandes questões que envolvem a modalidade não presencial na educação superior do Brasil de hoje, buscando estimular a reflexão e fundamentar o necessário debate".

Parte dos artigos aborda a história do Centro de Educação a Distância (Cead), da Udesc, formalmente instituído em 2002, e sua contribuição à sociedade ao longo dos 22 anos de atuação.

Pioneirismo

Reitor da Udesc entre 2002 e 2004, José Carlos Cechinel assina o capítulo "Educação a Distância – Um projeto que deu certo". O artigo traz um relato detalhado sobre a elaboração, os trâmites e a execução do projeto que levou ao credenciamento do primeiro curso de Pedagogia EAD do Brasil pelo Ministério da Educação (MEC), em 2000.

O texto relata como o projeto surgiu como uma alternativa pioneira para atender a demanda por qualificação de docentes, da primeira à quarta séries e da educação infantil, impossibilitados de frequentar um curso superior presencial devido à falta de tempo ou distância.

"Um grupo de docentes do curso de Pedagogia da Udesc constituiu o Núcleo de Educação a Distância, que definiu princípios, objetivos gerais e específicos e levou a proposta para avaliação e aprovação interna e externa, até tornar o projeto viável e reconhecidamente bem-sucedido."

Futuro presente

A crescente procura levou então à criação da Udesc Cead na estrutura administrativa da universidade: um centro independente e com autonomia para realizar programas e projetos educacionais na modalidade a distância.

Cechinel destaca no artigo o potencial do EAD para ampliar o alcance de mais pessoas à educação. “Um curso que licencie 80 profissionais por ano levará, no mínimo, 125 anos para alcançar o número da Udesc Cead. É o milagre do EaD: uma forma de se apressar o futuro, fazendo-o presente.”

Interiorização 

O capítulo de autoria da professora Vera Marques, atual diretora-geral da Udesc Cead, faz um apanhado histórico das atividades do centro e discute suas importantes contribuições no processo de interiorização da educação superior em SC. Somente de egressos, os cursos de graduação, especialização e no mestrado profissional somam mais de 18 mil formados.

Com diversos depoimentos, o texto demonstra a importância da iniciativa pioneira da Udesc para possibilitar que estudantes do interior do Estado pudessem "concluir seus estudos, melhorando suas condições de vida, atuando em diferentes espaços sociais e contribuindo especialmente para o desenvolvimento da educação básica".

Presencialidade

Os docentes Roselaine Ripa e Vitor Milaggi assinam o capítulo "A modalidade a distância e o contexto [pós]pandêmico: discussões sobre a presencialidade na formação inicial docente".

O artigo destaca a relevância da presencialidade para uma formação inicial humanizadora e emancipatória, a partir de um relato de experiência na formação de professores no curso de Pedagogia EAD da Udesc,

Os autores sugerem que os polos presenciais "sejam repensados de forma a permitir que superem sua atual condição de mero braço operacional da EAD, tornando-se um elemento estruturante do Projeto Político Pedagógico das instituições, capaz de potencializar não só a alta proficiência no uso das novas tecnologias, mas também a viabilização de experiências político-pedagógicas que contemplem a integração do ensino, da pesquisa e da extensão, atividades próprias das universidades públicas e gratuitas".

Administração Pública EAD

Dois capítulos abordam estudos relacionados ao curso de Administração Pública ofertado na modalidade EAD pela Udesc Esag em parceria com a Udesc Cead e a Universidade Aberta do Brasil (UAB).

"Os desafios dos estágios curriculares supervisionados na educação a distância: a experiência do curso de Administração Pública da Udesc Esag" é de autoria de Janice Mileni Bogo, Ivoneti Ramos e Carmen Pandini.

O texto traz um apanhado histórico de iniciativas importantes de universidades brasileiras e do Ministério da Educação (MEC) para desenvolver a EAD no Brasil, dentre elas a parceria da Udesc com a UAB; e discute os desafios de planejar e organizar a primeira edição de um curso na modalidade, especialmente no que diz respeito ao estágio curricular supervisionado obrigatório.

Conforme as autoras, "as adversidades podem ser superadas com bom planejamento, coordenação, controle e muita cooperação e comunicação entre coordenadores de curso, coordenadores de polo e representantes dos municípios, para que as oportunidades de estágio sejam viabilizadas em sintonia com os eixos programáticos do curso".

Acesso e permanência

Já o capítulo "Oportunidades e dilemas do acesso e permanência na educação a distância: estudo de caso com base no curso de Administração a Distância" é de autoria de Karin Viera da Silva, Ivoneti Ramos, Luciano Hack e Anderson Pacheco.

O artigo traz um estudo de caso sobre oportunidades e dilemas do acesso e permanência na EAD. A pesquisa ouviu 132 estudantes, de seis polos localizados em pequenas cidades do interior de SC e do Rio Grande do Sul onde não há oferta de educação superior presencial, pública e gratuita.  Também foram entrevistados 24 egressos de diferentes polos, com o objetivo de compreender o impacto da oferta da EAD nessas localidades.

Conforme os autores,  as conclusões demonstram os enormes desafios de acesso e de permanência na educação superior para residentes em pequenas cidades do interior, especialmente trabalhadores de baixa renda e que já constituíram família;  revelando, portanto, o "enorme potencial democratizador da oferta da educação superior a distância, pública e gratuita".

Outros artigos e autores

Dentre os demais capítulos do e-book, há um artigo de autoria da professora Sonia Pereira Laus, aposentada pela Udesc Ceart, sobre a relevância dos rankings acadêmicos internacionais relevantes para as instituições de ensino superior (IES) públicas brasileiras; um do professor Cristovam Buarque, A sétima pedagogia, que aborda "a resistência de professores à remotividade no ensino e ao uso das novas tecnologias"; e um dos pesquisadores Alexandre Marino e Juliano Reginaldo da Silva sobre as novas fronteiras para a educação aberta, como a realidade aumentada, a realidade virtual e a inteligência artificial.

Confira todos os autores do livro em ordem alfabética: Airton Jordani Jardim Filho, Alexandre Marino Costa, Anderson Sasaki Vasques Pacheco, Carlos E. Bielschowsky, Carmen Maria Cipriani Pandini, Cristovam Buarque, Daniela Karine Ramos, Emílio Trindade, Gabriel Goldmeier, Ivoneti da Silva Ramos, Janice Mileni Bogo, João Mattar, José Carlos Cechinel, Juliano Reginaldo Corrêa da Silva, Karin Vieira da Silva, Luciano Emílio Hack, Ronaldo Mota, Roselaine Ripa, Sonia Pereira Laus, Stephany Petronilho Heidelmann, Vera Márcia Marques Santos, Vitor Malaggi.

Sobre os organizadores

Rogério Braz da Silva foi o primeiro reitor eleito da Udesc, na Gestão 1990 a 1994, em que foi definida, por lei estadual, a autonomia da universidade; no mesmo período, atuaram como pró-reitores Peter Johann Bürger (Pesquisa e Pós-Graduação) e Sandra Ramalho e Oliveira (Ensino).

Os três também são organizadores da obra "Autonomia Universitária: fundamentos e realidade", também lançado com apoio da Fesag. Acesse o e-book.

Protagonismo do EAD

Os três organizadores ressaltam que a publicação sobre o EAD surge no momento em que as matrículas na modalidade a distância "prometem ser não apenas majoritárias, mas plenamente dominantes na educação superior brasileira já nos próximos anos".

"Nesse contexto de acelerada mudança, meio acadêmico, formuladores de políticas educacionais, gestores e pesquisadores em geral são desafiados não só a discutir um possível redesenho das formas tradicionais de pensar e conduzir a graduação, mas a pensar e propor estratégias de renovação, de complementação, de hibridização e mesmo de radical substituição dos modelos de ensino e práticas pedagógicas vigentes", afirmam.

"A EAD, gostemos ou não, não é mais apenas uma modalidade com presença residual na educação superior, não é mais mero coadjuvante; em muitos espaços, já é ou promete ser em breve a protagonista do processo educacional", concluem os pesquisadores. 

Além da versão digital, a  obra terá edições impressas para distribuição gratuita a universidades, centros universitários, órgãos governamentais e bibliotecas públicas. 

Assessoria de Comunicação da Udesc Cead
Jornalista Gustavo Cabral Vaz
E-mail: comunicacao.cead@udesc.br
Telefones: (48) 3664-8454