Cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos políticos e civis de um Estado. Mas nem todo cidadão é um patriota.
Nos últimos meses, a constatação de que as disciplinas de OSPB- Organização Social e Política do Brasil e EMC - Educação Moral e Cívica têm feito falta na formação dos brasileiros, é quase uma unanimidade.
As referidas disciplinas ensinavam a moral social e o civismo, ou seja, o SER CIDADÃO, mas por terem sido implantadas durante o regime militar, foram banidas dos currículos escolares, à época da redemocratização.
Talvez porque o brasileiro faça confusão entre patriotismo, civismo, autoritarismo e militarismo. Como se fosse possível ser cidadão pleno, sem conhecer as leis que regem a organização política e da sociedade.
Sem parâmetros didáticos, ser patriota passou a ser confundido com ser torcedor da seleção brasileira.
Nossos jovens não conhecem as leis e não aprenderam o caminho para reivindicar dos governantes o uso adequado do dinheiro e da máquina pública. Os direitos previstos nas leis, são ilustres desconhecidos da maioria dos brasileiros.
Em grande parte das escolas, formar cidadãos não passa de uma missão expressa no PPP, cujo conteúdo também é desconhecido da própria comunidade escolar.
Resultado, são duas gerações de brasileiros que completaram a educação básica e não sabem sequer cantar o Hino Nacional, portar-se diante da bandeira nacional ou conhecem a Constituição.
O patriotismo é ainda confundido com ufanismo. Mas ufanismo também não é patriotismo. Aliás, espera-se que as denúncias contra a ministra da Casa Civil, seja um choque, extremamente necessário, de realidade para esfriar o tolo e eleitoreiro ufanismo ressurgente e o discurso cínico sobre a eficiência, honestidade e transparência do Estado e do atual governo do Brasil.
Quem teve a oportunidade de estar na arquibancada montada na Esplanada dos Ministérios, na capital federal, durante o desfile cívico militar, neste último 7 de setembro, pode perceber a falta crônica de verbas para aquisição e manutenção de equipamentos e de pessoal nas forças armadas. Mesmo assim, os militares continuam a defender a unidade territorial brasileira e os brasileiros, missão de militares, é verdade. Entretanto, a qualidade da tecnologia apresentada, beira à ingenuidade.
A Esquadrilha da Fumaça finalizou o desfile que teve nas arquibancadas mais demonstrações de preferências eleitorais do que de patriotismo.
Encerrado o desfile, iniciou-se outro, o dos cabos eleitorais na disputa por espaço. As bandeiras dos partidos e candidatos transformaram-se em armas (literalmente falando) durante a briga de cabos eleitorais.
Numa demonstração clara de que ser eleitor, não é o mesmo que ser cidadão, ou patriota.
Assim como o Brasil não é sua natureza exuberante, nem a beleza física de suas mulheres e homens, ser cidadão não é cumprir somente as leis que julgar conveniente.
Ufanismo, torcida organizada, cabo eleitoral, votar em branco ou em candidatos exóticos (como o Tiririca-“pior que tá não fica”), comprar e vender voto, defender cegamente um candidato ou candidata, distribuir panfletos e jogar o que sobrou nas ruas, ir para a escola e não estudar... Nada disso é patriotismo.
John F. Kennedy já disse: "não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país".
Esta deveria ser a pergunta repetida diariamente por todo brasileiro, especialmente por aqueles que estão ou querem ir para o “comando da nação brasileira”.
Mas, infelizmente, o brasileiro que tem um dos bens mais preciosos do sistema democrático, o voto, prefere entregá-lo a quem pagar mais.
Cidadão patriota é o brasileiro que trabalha, mas também o que dá emprego. O que pede esmola, mas também o que vive com um salário miserável sem perder a dignidade. O auto-declarado negro e também o branco, o indígena, o amarelo ou sem cor de pele definida, todos são brasileiros. Mas nem todos são patriotas.
O brasileiro que vai para as ruas de verde e amarelo nos jogos da copa, mas tem vergonha de pendurar a mesma bandeira na janela de casa ou no carro, durante a Semana da Pátria, não é patriota.
Patriota é aquele que não somente usa as cores da bandeira nacional, mas também cumpre as leis e participa ativamente das decisões, seja fiscalizando a obra do esgoto da sua rua, ou o uso do dinheiro da merenda escolar.
Aquele que, consciente e verdadeiramente, faz a sua parte cumprindo as leis, crescendo individualmente e, deste modo, contribuindo para o desenvolvimento e crescimento do país e dos demais brasileiros.