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Jornal da Educação

Opinião do Jornal 2010

Ser professor é ter dúvidas

No espaço Pergunta de Professor recebemos três perguntas da professora Tereza Lourenço Taconi, do Colégio Estadual Barbosa Ferraz, de Andirá (PR) cujas respostas, se completas, mereceriam uma indicação ao Prêmio Nobel.

  O espaço Pergunta de Professor foi criado pelo JE com o objetivo de auxiliar o professor, seja buscando respostas para dúvidas de algum conteúdo, seja questionando as autoridades educacionais sobre a condição de trabalho ou políticas públicas, mas a estas perguntas, não conseguiremos responder integralmente.

 

a  De onde vêm as dificuldades enfrentadas pelo professor em sala de aula?

a O que está atrapalhando tanto o trabalho do professor? 

a Por que, além dos alunos, os professores estão tão desmotivados em relação ao seu trabalho em sala de aula? 

 

 

Nossa equipe concluiu que as respostas só podem ser dadas setorialmente. Seja por que cada sala de aula, alunos e professor, em cada escola, região e país, reflete uma realidade muitíssimo particular e complexa.

A generalização desses parâmetros tornaria qualquer resposta inadequada.

Diante dessa dificuldade, transformamos as perguntas em tema deste editorial, para o qual ouvimos informalmente profissionais educadores e procuramos artigos, reportagens ou livros que pudessem fornecer algum esclarecimento ou apontar caminhos.

Na busca, nos deparamos com reportagens como a publicada pela Revista Época, em 26 de abril deste ano, intitulada Os segredos dos Bons Professores.

Entre declarações e informações, está a de que o bom professor é aquele que explica o conteúdo de um modo que o aluno entenda.

E há ainda a sugestão de implantar avaliação por desempenho que premie os bons professores e puna os ruins. 

Há muito, defensores da qualidade do ensino preconizam que avaliar o desempenho individual dos professores permitiria não apenas premiar de forma mais justa e eficiente, mas também entender como trabalham e estender aos demais, a experiência e metodologia destes.

Salário igual para TODOS os professores, sejam comprometidos ou somente cumpridor de horário (ou nem mesmo isso), seguramente é um dos aspectos mais desmotivadores, especialmente entre os profissionais que atuam em escolas públicas.

Por outro lado, a indisciplina dos estudantes e a pressão excessiva dos gestores e pais jogando exclusivamente sobre o professor a responsabilidade pela disciplina e aprendizagem dos alunos, são outras das causas da desmotivação.

Este aspecto foi reafirmado por duas professoras de artes em uma sala de espera de consultório médico. Uma das profissionais, que atua nas séries iniciais do ensino fundamental, informava que diminuiria a carga horária no próximo ano para fazer algo para si. “Não vale a pena trabalhar tanto e gastar tudo em remédio”, ressaltou.

Pesquisas sobre saúde mostram que as doenças de fundo emocional, como a depressão e o estresse, são as que mais acometem os profissionais da educação.

A má formação é outro aspecto determinante do baixo desempenho. Os recém formados, ávidos por ensinar, rapidamente constatam que o conteúdo da faculdade foi suficiente apenas para passar no concurso.

Logo nas primeiras semanas, descobrem que nem os conteúdos, nem os alunos são os mesmos para os quais fora ensinado a ensinar.

Além da dificuldade com o conteúdo, o que gera insegurança, percebem que o aluno idealizado durante o curso não existe. Rapidamente a motivação e o idealismo, características predominantes entre os recém-formados, transforma-se em necessidade de reconhecimento e respeito profissional, portanto, desmotivação.

A deterioração dos valores humanos, a falta de respeito e a perda de status social e cultural da categoria e da escola, como instituição social e caminho seguro para o sucesso pessoal e profissional, também contribuem para a desistência do professor.

Entretanto, nem todas estas condições desfavoráveis são capazes de desanimar boa parte dos profissionais que ainda está em sala de aula e quer continuar. 

Vale lembrar também que, é normal, vivenciar um período de incerteza, desmotivação e mesmo de desistência e mudança de curso da vida profissional.

Por força das principais características do profissional licenciado: a liderança, o autodidatismo e a autodisciplina, características extremamente valorizadas pelo mercado de trabalho. E, por estar em contato permanente com a infinidade de novas profissões, manter-se firme na escolha feita aos 17 ou 18 anos de idade, será sempre muito difícil para o professor.

Um ser humano que, como qualquer outro profissional, precisa sentir-se reconhecido e respeitado profissionalmente.

De tudo, concluímos que o professor, ao longo de sua vida profissional, passará por momentos de indecisão e desistência (ou desmotivação), como acontece com todos.

E, superadas estas fases, os que continuam o fazem por firmeza de propósito e são estes os bons professores que continuam atuando em nossas salas de aula.

 
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