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Opinião do Jornal

A desafiadora profissão de professor (Dezembro 2020)

De todos, os profissionais que estão trabalhando em home office, os professores são, seguramente os que mais tiveram que se reinventar. A atuação dos docentes sempre foi considerada uma missão de vida. Durante a pandemia, essa necessária entrega ao trabalho ficou escancarada para a sociedade brasileira, sobretudo para os pais e responsáveis.

O ensino remoto entrou na vida dos professores e alunos da noite para o dia. E, segundo um levantamento, um em cada três, professores teve que enfrentar um desafio extra: aprender a usar as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no ensino. A pesquisa mostrou que apenas 64,2% se sentiam confortáveis em usar.

Ou seja, estes professores tiveram que superar, além das barreiras pessoais e metodológicas, as de ordem tecnológica. Acrescente-se a esta realidade o fato de que muitos, sequer internet e computador de alto desempenho tinham em casa.

O exercício profissional, diante da necessidade de aulas remotas, tornou-se uma verdadeira maratona de superação e escancarou ainda mais que é preciso muito amor pela educação para continuar ensinando.
Em suas casas, aprenderam e adequaram-se aos equipamentos e, ao mesmo tempo, mudaram radicalmente seu método de ensino, além de ter que lidar, como todos os seres humanos, com a ansiedade e os medos de contágio seu ou de familiares e amigos.

Além de desenvolver seu trabalho, nestes tempos de isolamento social a tecnologia passou a ser o principal recurso para continuar ensinando, portanto indispensável aprender a usar e familiarizar-se com ela.

Assim, em tempo recorde, foi necessário superar a ansiedade e a insegurança e dar conta, não somente de reinventar a maneira de ensinar e avaliar a aprendizagem, mas também de manter acessa a curiosidade e a vontade de aprender nos alunos. Missão talvez ainda mais desafiadora, pois a maioria dos estudantes gosta e vai para a escola porque ela é o seu melhor espaço de interação com os amigos, estudar, para estes estudantes é apenas mais um ‘detalhe’.

Nesta maratona solitária pelo conhecimento das ferramentas mais adequadas para ensinar, muitos professores sequer puderam contar com a ajuda de profissionais de TI. E ainda tiveram que fazer as vezes destes para auxiliar os pais a entrarem nas plataformas e a auxiliar os filhos. Mais uma vez, o autodidatismo foi a grande vedete. Muitos aprenderam na calada da noite, após um exaustivo dia de estudos e planejamento de aulas. E, grande parte com o auxílio dos filhos com quem tinham que compartilhar os equipamentos.

Na outra ponta, foi imprescindível a participação efetiva dos pais e responsáveis na vida escolar dos estudantes, que foram transformados em ‘alunos-filhos’. O que, espera-se, seja um dos legados da nova dinâmica de aprendizagem, especialmente para viabilizar o ensino hibrido. Os pais, acredita-se, ao mesmo tempo em que convivem com a dificuldade de trabalhar e acompanhar/auxiliar os filhos nos estudos dentro de casa, aprenderam a valorizar verdadeiramente a escola e os professores.

A dedicação dos docentes demonstrou na prática o que uma pesquisa conduzida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontou. Pelo levantamento, 97,2% dos professores brasileiros escolheram a profissão de por causa da possibilidade de contribuir com a sociedade e no desenvolvimento de jovens e crianças especialmente os de classes menos favorecidas socialmente e economicamente.

Não por acaso, os professores, juntamente com os profissionais de saúde são os protagonistas do momento atua em todo o país. Na prática, os profissionais da saúde e os da educação, são os mais dedicados e firmes no propósito de ajudar. E o fazem com uma intensidade que não há como descrever em palavras.

Pelos meios de comunicação, conhecemos diversas histórias de superação e dedicação, mas também vieram notícias do aumento substancial dos distúrbios mentais decorrentes do estresse decorrente do trabalho e do isolamento social. Mas este é tema para outro editorial. Neste queremos somente agradecer.

Em todas as situações, a solidariedade entre os docentes foi comovente. A pesquisa da OCDE mostrou que 39% utilizaram sugestões de conteúdo ou dinâmicas dadas por colegas de profissão e outros procuraram na internet atividades de outros colegas para adaptar às suas turmas. Situação que resultou há 34 anos na criação do Jornal da Educação, num momento em que os professores constataram a necessidade de um veículo de interação.

Ou seja, o trabalho colaborativo é mais uma contribuição que demonstra, na prática, que a ajuda mútua aumenta a chance de ter sucesso na missão de ensinar. Seja em tempos de internet, seja em tempos em que os professores não tinham nenhuma ajuda seja governamental, seja pessoal, como na década de l980, quando os próprios professores ligados a Associação de Professores de Joinville criaram o JE, exatamente para compartilhar entre si experiências exitosas.



 
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