Maria de Fátima Martins
Quando deparamos com o insucesso, a evasão escolar, a repetência e a defasagem/idade/série de nossos alunos, ficamos muitas vezes decepcionados. Nesta sociedade da informação tecnológica, na qual tudo se descarta e atualiza cotidianamente, muitas tentativas são frustradas, pois muitas vezes não há apropriação do conhecimento por falta de sentido ao que é oferecido como produto da educação propriamente dita.
O que acontece, de fato, é que a criança chega à escola cheia de desejo de aprender e de repente perde o gosto pelos estudos. Isto acontece porque ela não entende o processo ensino-aprendizagem sem sentido prático. A forma como acontece este processo vai permitir avanços ou retrocessos em seu desempenho escolar.
Olhando para nós mesmos, poderemos responder a estas questões. Quando a criança chega à escola, espera encontrar um líder, alguém em quem possa confiar, espera encontrar no coração da escola um ninho onde se abrigar.
Porém, isto só acontece quando o professor estabelece um vínculo. Constata-se na dialética diária que o professor não passa pela vida de uma criança, mas sim, ajuda a formá-la. Não põe sonhos na mente de um adolescente, ajuda a realizá-los. Não transmite o conhecimento, facilita a construção do mesmo. Não dá aulas, cria com seus alunos um ambiente de aprendizagem.
Enfim, não dá notas, mas, avalia cada postura adotada diante daquilo que lhe é proposto. Fazer a diferença na educação não é fazer tudo outra vez a cada ano. É fazer diferente aquilo que todos já fizeram e não deu certo.
O diferencial está no potencial de cada um, mas que nem sempre é valorizado. Fica explícito aqui o entendimento de não haver distância entre avaliação, afetividade, teoria, planejamento coletivo, gestão democrática e acima de tudo um significado em tudo o que se realiza.
A gestão pedagógica de uma escola focada na alfabetização, na construção do conhecimento e da autonomia dos seus educandos, perpassa pela responsabilidade do resgate das devidas funções atribuídas aos profissionais no momento de sua formação, ou seja, todo aquele que escolher a nobre função de professor, deve realmente acreditar que é capaz de transformar as gerações.
Cabe aos educadores permitir que a educação aconteça. Assim como na leitura dos livros, o educando fará a leitura de mundo que o rodeia. O cotidiano deve voltar a ser interessante, a sucessão dos dias, sem a exaustiva cultura do “espetáculo” a qualquer custo. É preciso mudar o percurso do olhar. Ainda há tempo, de plantar e colher. Basta preparar o chão, escolher a semente e semear na hora e lugares certos.