Por Máira Pereira*
Costumo escrever sobre o papel do professor de cursos online. Recentemente, tenho sido questionada sobre o papel do aluno. Parece óbvio, mas, se a prática docente online fez surgir um novo perfil de professor, isso se deu porque há um novo perfil de aluno e novas formas de se relacionar com o conhecimento. Afinal, é somente por meio da relação com o aluno que o professor efetivamente se forma. Como já alertava o educador Paulo Freire, o professor, por se reconhecer inacabado e incompleto, faz e refaz a si mesmo na relação com o outro, sempre de forma ética, inclusiva e respeitosa.
Paralelamente, o aluno tem se apropriado, cada vez mais, de seu papel de protagonista e questionado o que é ser um bom aluno online, como viver essa experiência, como planejar seus estudos e se comunicar com colegas e professor. Isso indica a relevância do aluno para o sucesso de cursos online - excelente alternativa para aqueles que não conseguem frequentar salas de aula tradicionais, por limitações diversas.
Em um curso online, o aluno precisa atuar como “buscador” do seu auto-desenvolvimento. Isso significa tomar para si a responsabilidade por cumprir com a agenda de estudos e de atividades, sem delegar esse papel. Um curso online requer perfis autônomos, o que pode fazer com que alguns se ressintam pela falta de figuras que cobram prazos e dizem o que deve ser feito. Essa lacuna pode ser resultado de nossa história recente, em que o saber vinha do mestre, a quem não se devia questionar. Nela, pouco se valorizava a singularidade e a riqueza das experiências do aluno.
Como, então, ser um bom professor online se ainda temos em mente um modelo anterior no qual cabia apenas ao mestre ensinar? Como mediar a aprendizagem se não há comunicação entre alunos? Contando com a motivação, fator fundamental para o êxito de um aluno online. Sabemos que a motivação é uma força intrínseca e que se traduz em comprometimento e trabalho colaborativo. Somente a metodologia baseada em interação e em colaboração coloca o aluno (e sua motivação) no centro do processo e o professor como companheiro de estudos.
Nessa metodologia, o aluno é convidado a assumir riscos e a se expor, enquanto o professor o auxilia a relativizar sua noção de erro, de modo que não se iniba. Longe de reproduzir conteúdos, os alunos são incentivados a questionar, relatar experiências, compartilhar visões e testar idéias. Nos cursos do Ibmec Online, por exemplo, fica claro para o aluno que sua participação é sempre bem-vinda. Afinal nenhuma pergunta é desnecessária ou óbvia. Ela merece ser exposta. Caso isso não ocorra, o ambiente virtual de aprendizagem não ganha vida, ainda que seu desenho didático seja primoroso e o conteúdo, do mais elevado nível.
Outro aspecto a ser evitado é o temor do aluno de sentir-se sozinho no ambiente virtual. As turmas dos cursos do Ibmec Online reúnem, no mínimo, 15 estudantes e, no máximo, 40, o que promove o networking e a aprendizagem colaborativa. Por isso, quando apresento a metodologia do Ibmec Online, sempre destaco que o conhecimento compartilhado por meio dele é maior que a soma dos conhecimentos individuais. Em turma, as pessoas educam umas às outras, atuam segundo áreas de co-responsabilidade e diminuem distâncias. O aluno é parte de uma equipe, o que nos leva a uma outra constatação: participar de um curso online não é ‘moleza’.
O aluno online compreende que precisa se comprometer consigo mesmo e que não há o famoso “fundo da sala” em um ambiente virtual de aprendizagem, no qual é possível permanecer anônimo, com direito a cochilos durante um curso inteiro. Nos cursos do Ibmec Online, os alunos assumem objetivos claros de transformação e crescimento, sempre motivados pelos desafios conceituais e práticos apresentados pelos professores.
Quais são as estratégias e recursos à disposição do aluno para cumprir sua jornada de sucesso até a conclusão de um curso? Além do professor online, ele conta com um período de ambientação ao método. Em cursos de curta duração, a primeira semana é dedicada à ambientação online, durante a qual um tutorial explica como se comunicar usando as interfaces síncronas e assíncronas do Campus Virtual Ibmec Online.
Já nos cursos de longa duração, como MBAs e CBAs, um workshop presencial foca em temas como comunicação interpessoal e promove o clima de colaboração entre os alunos. O professor online apresenta-se ao grupo e recomenda ações que facilitarão a inclusão dos alunos na experiência de aprendizagem, enquanto os alunos se apresentam, relatam suas experiências e expõem expectativas. Assim, possíveis angústias vêm à tona e tornam-se passíveis de solução.
O acesso e a participação dos alunos são monitorados e acompanhados pelo olhar atento dos professores online. Caso o aluno deixe de acessar o curso por mais de uma semana ou não participe de atividades propostas, é acionado para que se identifiquem as causas do afastamento e se ofereça apoio. Os próprios alunos podem assumir papel de “resgate” de colegas de turma sumidos, enviando-lhes mensagens que manifestam o pesar pela ausência e o encorajamento pelo retorno à participação.
Para todos os atores envolvidos no processo, sejam alunos ou professores, é preciso aprender a aprender. Não temos todas as respostas, mas é preciso se lançar nessa experiência de forma consciente, orientados pela recomendação de Paulo Freire: “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.”
*Máira é Coordenadora Acadêmica de Tutoria do Ibmec Online; Mestre em Administração Pública e Empresarial pela EBAPE – FGV, com pesquisa em gestão de competências; Psicóloga pela UFRJ; coordenadora pedagógica e gerente de projetos em consultorias educacionais; professora, em cursos presenciais e a distância, na área de Gestão de Pessoas e também na formação inicial e continuada de docentes online; pesquisadora nas áreas de Educação Corporativa, docência online e mediação pedagógica em ambientes virtuais de aprendizagem; psicóloga clínica com experiência em orientação profissional.