Notícia

Um trabalho realizado há mais de vinte anos no Centro de Educação a Distância (Cead), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), desenvolve iniciativas voltadas à inclusão social de pessoas com deficiência.

O Laboratório de Educação Inclusiva (LEdI) visa, dentre seus objetivos, contribuir para a construção de uma cultura inclusiva e anticapacitista, a partir de ações emancipatórias com pessoas com deficiência, e para a implementação de políticas de ações afirmativas nas instituições.

Criado como projeto de extensão em 2002 e institucionalizado como laboratório em 2013, atualmente ele mobiliza a comunidade por meio de três programas de extensão universitária: o LEdI/Udesc em rede: diálogos interseccionais na luta anticapacitistas; o Estudos Sobre Deficiência na Educação; e o Sinaliza Infância.

O laboratório é coordenado pela professora Solange Cristina da Silva, do Departamento de Pedagogia a Distância (Dpad), da Udesc Cead; ao qual também estão vinculados os coordenadores das ações extensionistas.

Canal no YouTube

Dentre as atividades de 2024, estiveram as palestras online, envolvendo pessoas com deficiência, que podem ser conferidas no canal do LEdI no YouTube (junto com outras transmissões deste e de outros anos).

Uma delas foi a live de lançamento do livro "Mulheres defiças: histórias de enfrentamento ao capacitismo no Ensino Superior", que ocorreu em julho.

A obra é resultado da tese de doutorado da professora Rose Clér Estivalete Beche, da Udesc Cead, no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), da Udesc Faed. O estudo foi orientado pela professora Geovana Mendonça Lunardi Mendes e defendido em 2023.

A pesquisa de Rose Clér buscou compreender, pela perspectiva de mulheres com deficiência, como são representados os princípios da ética do cuidado no enfrentamento ao capacitismo vivenciado por elas no âmbito do ensino superior.

Atuação em rede

O LEdI atua principalmente com atividades online, gratuitas e abertas, como cursos, oficinas e grupos de estudos, que mobilizam gestores, docentes, graduandos e pós-graduandos e profissionais de diversas áreas. “Todas as ações são construídas com o envolvimento de pessoas com deficiência, a partir de demandas desse grupo", destaca Solange.

O trabalho envolve parceiros de diferentes instituições do Brasil e de outros países. "Buscamos formar uma rede multidisciplinar de profissionais nacionais e internacionais para construir um debate aprofundado sobre os Estudos da Deficiência, os Estudos Feministas da Deficiência e os Estudos Críticos da Neurodiversidade", afirma a coordenadora.

Uma das propostas é contribuir para a formação, a qualificação e a conscientização de profissionais e acadêmicos, da Udesc e de outras organizações, e também da comunidade em geral.

Marco na educação

A professora destaca a contribuição relevante do laboratório ao longo das últimas duas décadas. "O LEdI se consolidou, com o tempo, como um marco na história da educação inclusiva da Udesc, a medida que oportuniza discussões e ações no âmbito da inclusão, possibilitando a comunidade acadêmica um olhar para deficiência como relacional e parte das variações natural do ser humano, bem como divulgando e apoiando as ações inclusivas da universidade."

"Entendemos que a inclusão é um direito que requer conhecimento e ações anticapacitistas. É impossível pensar na extensão numa perspectiva inclusiva sem que ela seja efetivamente emancipatória", ressalta a coordenadora.

Parceiros

Em termos interinstitucionais, na Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), o LEdI atua em parceria com o Núcleo de Estudos sobre Deficiência (NED) e o Laboratório de Mídia e Conhecimento.

Junto à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), o laboratório integra a Rede Traduzir-se: Autismo em primeira pessoa na prática acadêmica, sob coordenação do professor Luiz Henrique Magnani.

Outro parceiro é o Coletivo Pacto pela Neurodiversidade, constituído por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), em decorrência da percepção coletiva pelo grupo da "grande prevalência de práticas capacitistas nas pesquisas tradicionais com o público autista, tanto em termos teóricos, quanto de coleta de dados".

Canadá

Já no âmbito internacional, o LEdI conta com a participação da professora Pâmela Block, uma das pioneiras nos Estudos da Deficiência no Brasil, e que integra o quadro de pesquisadoras da Universidade Ocidental de Ontario (Western University/UWO), do Canadá.

No âmbito estadual, são diversas parcerias internas na universidade catarinense - na Udesc Faed, na Udesc Ceart, com os Núcleos de Acessibilidade Educacional, central e setorial da Udesc Cead - e também externas.

Com prefeituras catarinenses, o laboratório desenvolve ações a partir do Projeto LEdI vai à Escola, coordenado pela professora Geisa Letícia Kempfer Bock. Há também atividades com o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) sobre o tema Autismo.

Ensino e pesquisa

Na área de ensino, o trabalho tem articulação com disciplinas da graduação na Udesc Cead, do curso de Licenciatura em Pedagogia EAD: Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e Tópicos em Pedagogia – Estudos da Deficiência e suas Interseções; e também como disciplinas do Mestrado Profissional em Educação Inclusiva (Profei), como Desenho Universal para Aprendizagem.

"Um exemplo dessa relação direta da extensão com a pesquisa e pós-graduação são as pesquisas de formação docente feitas por mestrandas do Profei da Udesc Cead junto ao laboratório", destaca Solange.

Dentre as pesquisas vinculadas ao LEdI, estão: “Os sentidos da Deficiência para profissionais da Educação Básica”, coordenada por Geisa Bock; “Contribuições do Modelo Social da Deficiência para a Educação Básica na América Latina”, coordenada por Solange da Silva; e "Estudantes Neurodivergentes nos Anos Iniciais: Uma revisão de literatura", coordenada por Rose Clér.

Outra iniciativa deste ano foi o projeto FaBrincAção, um trabalho de pesquisa e experimentação artística, envolvendo bonecos para animação e manipulação em Libras, materiais e produções culturais, voltado ao público adulto e infantil da comunidade surda. A iniciativa é coordenada pela professora Natália Rigo.

Eventos científicos

Em 2024, a atuação do LEdI foi divulgada e debatida em eventos científicos como o Congresso de Pesquisas em Línguas de Sinais (Copels) e o 10º Congresso Nacional de Educação (Conedu), dentre outros.

O laboratório também participou da organização de eventos como o 2º Seminário do Profei da Udesc Cead, realizado em novembro.

Direitos humanos e justiça social

"Os estudos sobre deficiência e estudos feministas trazem significativas contribuições para pensar a inclusão das pessoas com deficiência como uma questão de direitos humanos e de justiça social, base constitutiva de todas as ações propostas", ressalta a coordenadora do programa.

"Além de promover a constituição de redes comunitárias e interinstitucionais e contribuir com a internacionalização da Udesc, o LEdI atua pelo empoderamento das pessoas com deficiência e pela construção de uma cultura do respeito às diferenças e de uma sociedade cada vez mais inclusiva", conclui Solange.

Sobre a professora

Solange Cristina da Silva tem graduação em Psicologia, mestrado em Educação e doutorado em Psicologia. É coordenadora do LEdI, docente do Mestrado Profissional em Educação Inclusiva (Profei) e membro dos grupos de pesquisa Educação, Artes e Inclusão, da Udesc, e Núcleo de Estudos da Deficiência, da Ufsc, além da Rede Traduzir-se: autismo em primeira pessoa na prática acadêmica, da UFVJM.

Mais informações sobre o LEdI podem ser conferidas pelo Facebook, pelo Instagram, pelo Youtube e pelos e-mails solange.silva@udesc.br e lediudesc@gmail.com. 

Assessoria de Comunicação da Udesc Cead
Jornalista Gustavo Cabral Vaz
E-mail: comunicacao.cead@udesc.br
Telefone: (48) 3664-8454