Descoberta da espécie foi tema de artigo publicado
em revista internacional - Fotos: Divulgação
Pesquisadores do
Centro de Educação Superior da Região Sul (Ceres), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Laguna, participaram de um estudo que deu suporte à proposta de uma nova espécie e de um novo gênero de planta exclusiva do Brasil. A investigação foi feita em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Botânica (PPGBot), da
Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).
Na instituição baiana, o trabalho foi incluído na pesquisa do mestrando Felipe da Silva Santos, orientado pelo professor Luciano Paganucci de Queiroz. A estudante Carolina Lima Ribeiro também participou.
Na Udesc Laguna, o estudo foi coorientado pela professora Cristiane Snak e contou com a colaboração do professor Christian da Silva, ambos vinculados ao Departamento de Engenharia de Pesca e Ciências Biológicas.
Artigo científico
O trabalho dos pesquisadores foi tema do artigo "Análises filogenéticas de Phaseolinae (Leguminosae) revelam um novo gênero endêmico de afloramentos calcários em Florestas Sazonalmente Secas da Bahia, Brasil", publicado na revista científica Taxon, periódico internacional de renome mantido pela Associação Internacional de Taxonomia Vegetal.
Acesse o artigo (em inglês).
Segundo os pesquisadores, "a descoberta ressalta a importância da taxonomia (ramo da biologia responsável por descrever, identificar e classificar os seres vivos) para o estudo da biodiversidade e demonstra o potencial do uso de múltiplas linhas de evidência nos estudos sobre plantas".
A descoberta
Eles contam que a nova espécie foi encontrada inicialmente no começo dos anos 2000, no Oeste da Bahia, em uma região de afloramento calcário: uma planta trepadeira lenhosa, pertencente à família Leguminosae (ou Fabaceae), a mesma do feijão, da ervilha e da soja, uma das mais ricas em espécies no Brasil.
No trabalho de investigação, a equipe de pesquisadores retornou à área onde a espécie foi encontrada, para coletar informações, e obteve amostras de tecidos das folhas "para extração do DNA e para sequenciamento de dados sobre regiões dos genomas nuclear e plastidial".
Coleta e análise
Os novos dados permitiram realizar uma análise filogenética molecular, que é uma "investigação das relações evolutivas", que evidenciou que a espécie pertence a uma linhagem única, proximamente relacionada aos gêneros
Ancistrotropis e
Sigmoidotropis.
"A coleta e a análise em laboratório confirmaram a suspeita de que é uma espécie nova para a ciência: suas características morfológicas não se encaixam inteiramente na definição de nenhum dos gêneros conhecidos", afirmam. A nova espécie e o novo gênero propostos pertencem à família Leguminosae, conhecido somente de áreas de floresta sazonalmente seca do bioma Caatinga na Bahia.
Delgadoa bambuicola
A planta foi nomeada como
Delgadoa bambuicola: a primeira parte é uma homenagem ao pesquisador botânico mexicano Alfonso Delgado-Salinas e a segunda, uma referência ao habitat da espécie.
"O Brasil é considerado um país megadiverso, detentor da flora mais rica do mundo, com aproximadamente 50 mil espécies de algas, plantas e fungos. E esse número pode ser consideravelmente maior, visto que muitas espécies ainda não são conhecidas pelo homem", destacam os pesquisadores.
A equipe ressalta ainda que, além de novas espécies, há outros campos importantes para pesquisa na taxonomia, "lacunas que a sociedade geralmente desconhece, como a escassez de conhecimentos sobre a distribuição, ecologia e relações filogenéticas da maioria dos grupos taxonômicos (espécies, gêneros, famílias etc.)".
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