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O Brasil é o maior produtor de maçãs da América Latina e o segundo maior produtor do fruto do hemisfério Sul. Atualmente, o país tem cerca de 35 mil hectares dedicados à produção, com destaque para as cidades de Vacaria-RS, e São Joaquim-SC. Entre os procedimentos típicos do cultivo está o “raleio”, que consiste em remover parte dos frutos em formação para equilibrar a carga da planta e garantir frutos maiores e de melhor qualidade. Com o rápido crescimento desta cultura, torna-se necessária uma tecnologia que facilite o processo.

Alinhada a esta demanda, a pesquisa “Protótipo nacional para mecanização do raleio em macieiras”, desenvolvida no Laboratório de Fruticultura da Udesc Lages com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), criou um equipamento capaz de reduzir drasticamente o tempo do procedimento. Resultado de pesquisa realizada pelo mestrando do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal (PPGPV) Mateus Couto Zanette, sob orientação do professor Dr. Leo Rufato, a tecnologia está no segundo ano de testes e os dados são animadores: o protótipo reduz o tempo do raleio das macieiras de cerca de 50 a 70 horas por hectare com o procedimento manual, para apenas uma hora por hectare no uso do equipamento.

O trabalho foi premiado com 1º lugar na categoria de Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) do AG Tech Summit 2025, realizado em 11 de setembro em Florianópolis. O evento reuniu especialistas, empresas e pesquisadores para debater o impacto da transformação digital no agronegócio. Com o tema “Cultivando o Futuro: A Era do Agronegócio Inteligente”, a programação incluiu palestras, mesas redondas e a premiação “AgTech Day”, que destacou inovações em IA, agricultura 4.0 e competitividade no campo.

O doutorando do PPGPV, Lindomar Velho de Aguiar Júnior, também orientado pelo professor Leo, participou desta edição do AG Tech Summit com o projeto “Máquina de poda mecânica para a cultura da videira”, que havia conquistado o 1º lugar na categoria Pós Graduação do Prêmio Udesc de Inovação, em 11 de junho, na Udesc Esag, em Florianópolis. A atual escassez da mão de obra para o manejo das videiras foi o fator que motivou o investimento na tecnologia. Os testes apontaram um aumento de cerca de 70% no rendimento da poda.


Participação no Programa Minuto da Pesquisa, da Udesc FM Lages

Professor Leo, Mateus e Lindomar foram os convidados da semana no programa de divulgação científica Minuto da Pesquisa, da Udesc FM Lages. Em entrevista veiculada na edição dessa terça-feira, 14, professor Leo enfatiza o protagonismo da pesquisa e do mercado conquistado pelo Brasil. “A pesquisa na cultura da macieira no Brasil, em relação ao mundo, deixou de ser coadjuvante. O mundo está vindo ao Brasil aprender com o que nós estamos criando de tecnologia. Um bom exemplo disso é um evento que nós realizamos por aqui, o Field Day e o Giro Técnico, onde recebemos caravanas de diversos países. Para o próximo ano, temos caravanas confirmadas do Chile, da Argentina, do México, da Espanha e do Marrocos. Eles vêm aprender um pouco sobre o sistema de condução, manejo, equipamentos que nós desenvolvemos para a cultura da macieira”, detalha o professor.

Em dois anos, o protótipo de raleio para macieiras deve estar disponível para uso em áreas comerciais. Para Mateus, além do tempo de redução para o raleio, o mecanismo envolve ainda a superação de um tema desafiador: “temos que reconhecer este tabu, o uso de diferentes substâncias químicas, combinações dessas substâncias. Realmente, sem o uso adequado, podem levar a uma degradação até a necessidade de encerramento de uma produção. Nós temos aí dois ganhos, portanto, a exclusão do uso de químicos e o aumento da produção em menos tempo. Isto são fatores que podem explicar essa atual colocação do Brasil”, comemora o pesquisador.

Em relação à máquina de poda de videiras, Lindomar destaca um aspecto já colocado em discussões sobre sua pesquisa: “Outro dia me perguntaram, 'mas vocês vão tirar o trabalho das pessoas?' Na verdade, não. A tecnologia vem para suprir uma necessidade que já existia, que é essa escassez de mão de obra. Inclusive, vamos justamente no caminho oposto: ela também vai gerar mais empregos, se pensarmos na indústria como um todo”, afirma o doutorando.

Seja na produção de maçãs, seja na viticultura, os resultados alcançados pela Udesc em Lages contribuem especialmente com a agricultura familiar, que representa quase 80% dos estabelecimentos rurais no Brasil e movimentou cerca de 8 bilhões de reais em Santa Catarina na safra 2023/2024. Em um momento histórico em que sustentabilidade torna-se tão importante quanto produtividade, pesquisas que primam por inovação tecnológica, manejo sustentável e acesso a mercados garantem futuros possíveis para o agro.


Assessoria de Comunicação da Udesc Lages
Jornalista Carla Torres
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