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Centro de Educação Superior da Foz do Itajaí

Notícia

01/12/2021-14h39

Pesquisas da Udesc Oeste com bovinos buscam alternativa para produtores

Estudos são realizados na Fazenda Experimental do CEO, localizada em Guatambu - Foto: Udesc Oeste
Pesquisas desenvolvidas no Centro de Educação Superior do Oeste (CEO), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), pretendem mudar uma dura realidade do setor produtivo de leite: o abate logo após o nascimento de bezerros machos da raça holandês, cuja criação não é rentável para os produtores.

Coordenado pelo professor Aleksandro Schafer da Silva, o trabalho, que estuda a produção de bovino holandês macho para corte (ou seja, para produzir carne), iniciou as atividades de pesquisa em março de 2020, na Fazenda Experimental do CEO (Feceo), em Guatambu, município que fica a 20 quilômetros de Chapecó.

"A bovinocultura de leite é destaque nacional, com rebanhos de alta genética e potencial produtivo. E a Região Oeste de Santa Catarina é uma grande produtora. Porém, mais de 80% dos bezerros machos da raça holandês são mortos no dia do nascimento, pois, em geral, os produtores não consideram sua criação uma atividade rentável", explica o professor.

Para os pesquisadores liderados por Aleksandro, isso se deve ao fato de os animais não serem alimentados de forma adequada. "Nossa proposta é produzir animais para abate precoce, em até 14 meses, utilizando alimentos alternativos de menor custo para as fases de aleitamento, recria e terminação", afirma.

"Queremos comprovar que, com alimentação adequada, esses animais podem ter crescimento rápido e proporcionar lucratividade aos produtores."

Atividade empreendedora

Médico veterinário e docente do Departamento de Zootecnia, Aleksandro é pesquisador com bolsa de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e atualmente é diretor de Pesquisa e Pós-Graduação da Udesc Oeste.

O professor ressalta que o foco do trabalho é "aplicar as melhores práticas de nutrição para o gado de leite e avaliar os fatores que afetam o desempenho produtivo".

Como os custos dos alimentos convencionais aumentaram drasticamente, a substituição por alimentos alternativos é decisiva para manter a produtividade e reduzir os custos de produção. Dentre os alimentos de menor custo usados, estão o resíduo de farinha de bolacha; o resíduo de uva, oriundo da produção de vinho; e a silagem de aveia de verão.

"Esperamos mostrar com nossas pesquisas que a criação de holandês precoce e para corte, usando alimentos alternativos, é rentável, sendo uma atividade empreendedora para as fazendas catarinenses. Com isso, buscamos contribuir para equacionar uma questão com implicações ambientais, sociais e de bem-estar animal."

Ciclos produtivos

O primeiro ciclo produtivo de bovinos holandês macho para corte, concluído na Feceo em maio deste ano, confirmou as expectativas dos pesquisadores quanto ao potencial de rentabilidade. Após 14 meses de criação, foram abatidos 21 animais na categoria super precoce, com média de 490 kg de peso vivo.

Foram produzidos cerca de 5 mil quilos de carne, doados no mesmo mês às prefeituras de Chapecó e de Guatambu, que os utilizaram para alimentação em programas sociais e na merenda escolar, e ao Hospital Regional do Oeste (HRO), que destinou o produto às refeições de pacientes e funcionários.

Aleksandro relata que outros dois ciclos estão em andamento: um deles, com 26 animais, foi iniciado em setembro do ano passado e será finalizado em fevereiro de 2022. O outro, com 33 animais, iniciou em março de 2021 e será concluído em maio de 2022.

Equipe

Os estudos sobre o assunto mobilizam mais de 20 acadêmicos pesquisadores, incluindo cinco mestrandos e 17 graduandos em Zootecnia da Udesc Oeste, sob orientação do professor Aleksandro. Todos fazem parte do grupo de pesquisa Aditivos e Suplementos na Nutrição Animal (Gana), da Udesc Oeste.

Além do Gana, as pesquisas na área têm vínculo com o Setor de Ruminantes da Feceo e os laboratórios de Anatomia e Fisiologia Animal e de Parasitologia.

O trabalho também tem apoio de produtores rurais da região, que doam animais à universidade. Além desse estudo, a Udesc Oeste tem outros projetos com bovinos de corte, nos quais produtores emprestam animais para a realização de pesquisas.

Os estudos contam com recursos do Programa de Apoio à Pesquisa (PAP), realizado pela Udesc, pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e pelo CNPq; e do setor privado, captados junto a empresas conveniadas à universidade. A lista inclui as empresas Orgânica, Nutriquest, Konkreta, Nuctramix, Tectron, Salus, Real H e Natural.

Publicações científicas

Alguns projetos de pesquisa relacionados ao assunto já renderam publicações científicas: é o caso da dissertação "Estratégias nutricionais na criação de bezerros leiteiros para potencializar saúde e crescimento: uso de minerais injetáveis além de curcumina e cromo via dieta", defendida pela acadêmica Patrícia Glombowsky no Mestrado em Zootecnia da Udesc Oeste em 2020. Confira o estudo.

Outros projetos deram origem a trabalhos de conclusão de curso e de iniciação científica, muitos dos quais foram apresentados no 11º Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão da Udesc Oeste (Sepe), realizado em 23 e 24 de novembro deste ano, e cujos resumos podem ser acessados na internet.

Um dos estudos analisa justamente a viabilidade econômica a partir do primeiro ciclo produtivo feito na Feceo e conclui que a "criação de macho inteiro holandês é rentável ao produtor rural nas condições de criação executadas na estação experimental".  

Mais eficiência, menor custo

Além de pesquisas de iniciação científica e dissertações de mestrado em parceria com empresas, Aleksandro destaca que o trabalho gera "dados e informações importantes sobre os custos do processo de produção, que são relevantes para a sociedade e produtores rurais".

O professor conta que novos projetos na área estão previstos e aprovados pelo Comitê de Ética no Uso de Animais na Pesquisa, com foco em novos aditivos e alimentos, buscando maior eficiência produtiva e menor custo de produção.

"Entre outros objetivos, esperamos que, com o tempo, possamos ampliar o número de técnicos de campo que, quando saírem para trabalhar na área da bovinocultura de leite, sejam capazes de disseminar as técnicas testadas e validadas aqui na Udesc", conclui o professor.  

Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail aleksandro.silva@udesc.br.

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