Entre os aspectos inovadores do uso de LED’s para a cultivar Pircinque está a possibilidade de alongar a janela de produção em pelo menos dois meses, concentrando parte da produção no mês de dezembro. Foto: Arquivo.
O Auditório do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (Esag), Campus I da Udesc, em Florianópolis, recebe os finalistas do 1º Prêmio Udesc de Inovação na próxima quarta-feira, 11. Na categoria Pós-Graduação, o Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) está representado por três projetos.
Economia fortalecida: mais morangos por mais tempo na Serra Catarinense
De autoria do doutorando do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal
Lamine Sanó, o projeto
“Soluções tecnológicas para aumentar a indução floral e rendimento de morangueiro cultivar Pircinque na Serra Catarinense” tem como objetivo investigar como a iluminação suplementar com
LED's (Diodos Emissores de Luz) pode ser utilizada para aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos de morangueiro da cultivar (variedade) Pircinque, lançada em 2016 pelo
Programa de Melhoramento do CAV.
O projeto começou pela observação de um desafio enfrentado pelos produtores de morango da Serra Catarinense. A cultivar Pircinque é bem adaptada à região, mas, por ser de "dia curto", sua produção tende a diminuir significativamente quando os dias se tornam mais longos, especialmente após o equinócio da primavera (setembro). Isto encurta a janela de colheita e afeta a sua produtividade. Assim, a solução tecnológica para
estender esse período produtivo foi a iluminação suplementar com LED’s. O estudo é desenvolvido na área experimental do grupo de pesquisa em
Fruticultura da Udesc Lages, abrangendo as safras de 2022/23 e 2023/24. O projeto conta com o
apoio da FAPESC/CAPES, por meio do Edital Nº 06/2023.
De acordo com Lamine Sanó, o estudo é pioneiro no contexto brasileiro para esta cultivar e aplicação específica. Entre os aspectos inovadores está “a extensão da safra, com a possibilidade de
alongar a janela de produção em pelo menos dois meses, concentrando parte da produção no mês de dezembro, período de alta demanda pela cultura para sobremesas na comemoração do Natal. Este é um avanço significativo que impacta diretamente a
viabilidade econômica dos produtores” – afirma o doutorando. Ainda, conforme o pesquisador, “a validação científica local é um diferencial, pois embora o uso de LED’s na agricultura seja crescente, estudos detalhados e validados para cultivares específicas, sob as
condições específicas da Serra Catarinense, e com foco na otimização da indução floral e na produtividade, ainda são pioneiros”.
O projeto também se distingue pela vertente de
tecnologia aplicada, buscando gerar recomendações práticas e transferíveis diretamente aos produtores, transformando conhecimento científico em solução tecnológica. Sob orientação do professor
Leo Rufato, este trabalho específico com LED’s é uma parte do projeto maior chamado
"Soluções Tecnológicas para Melhor Eficiência Produtiva das Cadeias Produtivas da Cultura do Morangueiro na Serra Catarinense", coordenado pelo professor
Antonio Mendes de Oliveira Neto.
Poda mecânica de videiras: menos dependência de trabalho manual e aumento da eficiência operacional
Parte dos estudos de doutorando de
Lindomar Velho de Aguiar Júnior junto ao Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, o projeto
“Poda mecânica na cultura da videira” consiste no desenvolvimento de um protótipo de podadora mecânica para a cultura da
videira na Serra Catarinense. A pesquisa começou a partir de uma demanda do setor produtivo frente à
escassez de mão de obra e onerosidade da operação, o que compromete a viabilidade econômica e a competitividade do setor. Estabeleceu-se uma parceria público-privada entre o setor produtivo (vitícola), a Universidade e a indústria metalmecânica, com apoio e fomento da
FAPESC.
Ao mecanizar a prática da poda, o objetivo é reduzir a dependência do trabalho manual e melhorar a eficiência operacional. O projeto beneficia os produtores da região, reduz custos, promove a qualificação de mão de obra especializada e fortalece a competitividade e a sustentabilidade da viticultura. O projeto é desenvolvido na vinícola Villa Francioni Vinhos e Vinhedos, localizada em São Joaquim/SC, uma das cidades com maior área vitícola para vinhos finos da Serra Catarinense. Testes práticos e dias de campo foram realizados, divulgando o protótipo da podadora mecânica.
Conforme Lindomar, “o aspecto inovador do projeto se dá pelo fato de o equipamento ser acoplado à frente do trator agrícola e utilizar o
sistema hidráulico do próprio trator para movimentar suas partes móveis, realizando cortes precisos com
ajustes de altura e ângulo. Assim, os cortes adaptam-se às diferentes configurações das plantas nos vinhedos. Outro diferencial também está no uso de lâminas de
baixo custo de manutenção e facilmente encontradas no mercado agrícola”.
Além do doutorando e de seu orientador, professor
Leo Rufato, entre os integrantes do projeto estão a coorientadora,
Adrielen Tamiris Canossa, a mestranda em Produção Vegetal
Beatriz Lôndero Ferrari, o Enólogo responsável da vinícola Villa Francioni,
Nei Geraldo Rasera, o representante da Industria Metalmecânica HidrauTec, Júnior Mundin, o bolsista de iniciação científica, acadêmico do Curso de Agronomia
Helton Germano Mees, e a professora
Aike Anneliese Kretzschmar .
Bactéria causadora de meningite, pneumonia e infecção generalizada na mira: uma descoberta que pode transformar o diagnóstico molecular
O projeto
“Inovação na Detecção Visual de Amplificação por LAMP: Uma Descoberta Simples com Potencial Transformador em Diagnóstico Molecular” faz parte dos estudos de doutorado em Bioquímica e Biologia Molecular de
Anderson Varela de Andrade na Udesc Lages. O trabalho foi iniciado com o apoio da
Scienco Biotech, e visa à criação de uma ferramenta para diagnóstico molecular mais sensível e de fácil aplicação, para a detecção de
Streptococcus agalactiae.
Na maioria das vezes assintomática, a bactéria é comumente encontrada no trato genital e urinário de mulheres e está relacionada a infecções graves. No caso de mulheres grávidas, há
risco de contaminação do bebê tanto durante a gestação, quanto no parto. Diante disso, a utilização da
técnica de amplificação isotérmica por loop (LAMP) contribui para a
redução da mortalidade e morbidade neonatal associada à infecção perinatal. Os resultados da pesquisa atenderão
laboratórios públicos e privados que buscam métodos diagnósticos
rápidos e confiáveis para aplicação no pré-natal. O aspecto inovador reside na aplicação da técnica LAMP nas amostras, proporcionando
mais sensibilidade do que a PCR tradicional,
tempo de resposta mais curto – de cerca de duas horas – e possibilidade de uso em ambientes com infraestrutura laboratorial limitada.
A equipe junto à qual Anderson desenvolve seus estudos é composta por outros estudantes de pós-graduação em bioquímica e biologia molecular e o estudante de Medicina da UNIPLAC
Thiago Pereira Goulart. O grupo trabalha sob orientação dos professores do CAV especialistas na área, seu orientador,
Gustavo Felippe da Silva, e a professora
Maria de Lurdes Borba Magalhães. O trabalho tem sido desenvolvido no
Laboratório de Biologia Molecular da Udesc Lages, com etapas como
isolamento bacteriano,
extração de DNA e desenvolvimento do ensaio LAMP, entre outras. As análises vêm utilizando
amostras clínicas previamente coletadas e cultivadas, seguidas de testes de sensibilidade e especificidade das técnicas moleculares.
A série que divulga os projetos do CAV finalistas do 1º Prêmio Udesc de Inovação encerra na próxima semana com os representantes da Categoria Projeto.
Assessoria de Comunicação da Udesc Lages
Jornalista Carla Torres e estagiária Karen Candido
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Telefone: (49) 3289-9130