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Notícia

29/05/2014-20h19

Professor de Engenharia de Pesca da Udesc Laguna visita centro de referência em mamíferos marinhos

Especialistas de todo o mundo acompanharam capturas - Fotos: Sociedade Zoológica de Chicago

O professor Pedro Castilho, do curso de Engenharia de Pesca da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Laguna, participou de uma visita técnica ao Laboratório Mote Marine, que fica na Flórida, nos Estados Unidos, durante a primeira quinzena de maio.

No intercâmbio de cinco dias, Castilho acompanhou os procedimentos de pesquisadores do Mote Marine e da Sociedade Zoológica de Chicago para coletar dados de golfinhos da mesma espécie encontrada em Laguna, o boto-da-tainha (Tursiops truncatus).

"As atividades de avaliação de saúde dos golfinhos por meio de capturas foram realizadas pelo programa de pesquisa Sarasota Dolphin, uma parceria da Sociedade Zoológica de Chicago com o Laboratório Mote Marine, que coordena todos os estudos", explica.

Castilho destaca que as duas instituições são as únicas no mundo que dominam a técnica de captura de botos vivos, sem causar danos aos animais. "Elas representam a vanguarda nas pesquisas de mamíferos marinhos no mundo."

"O pesquisador responsável pelo programa é o doutor Randall Wells, que é um dos ícones do estudo de cetáceos e avalia a saúde dos golfinhos desde a década de 80", acrescenta.

O programa, que realiza capturas há 30 anos, convida especialistas de todo o mundo para mostrar as suas atividades e trocar experiências.

A ida do professor da Udesc Laguna foi viabilizada por meio de uma parceria entre pesquisadores dos Estados Unidos e da instituição estadual, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade da Região de Joinville (Univille).

"Estamos trocando experiências há dois anos. O articulador é o professor Paulo Simões Lopes, da UFSC", conta Castilho, que participou da edição deste ano da visita nos Estados Unidos com uma estudante de mestrado da instituição federal.

Protocolos

O professor de Engenharia de Pesca da Udesc Laguna também ressalta que a coleta de dados dos golfinhos, que ocorre na Baía de Sarasota, atende com rigor 22 protocolos de procedimentos e a sequência deles só é cumprida caso os animais não fiquem estressados.

A captura é feita com cercos de redes que levam os botos até superfícies rasas, em bancos de areia, onde é realizada uma série de exames, como retirada de sangue, ultrassom e radiografia, para verificar, por exemplo, as condições nutritivas e imunológicas dos animais e a presença de biotoxinas e substâncias contaminantes. Os dados são processados no próprio local.

"Cem pessoas se envolvem na captura e na coleta. Há inúmeros especialistas, de áreas como audição, ondas cerebrais e densidade óssea", enfatiza Castilho. "É uma imensa gama de conhecimento reunida."

Quando os golfinhos não se estressam, os pesquisadores ficam coletando dados ao longo de até quatro horas. "Os botos que já foram capturados em ocasiões anteriores são mais dóceis e não reclamam durante os exames", frisa o docente. "É uma experiência incrível: você fica na água, ao lado do animal, e consegue sentir o coração e as reações dele."

A meta estabelecida na semana de visita era capturar 15 golfinhos em cinco dias, mas os participantes conseguiram superá-la, obtendo dados de 21 deles – na Baía de Sarasota, há uma população estável de cerca de 150 indivíduos, que vivem em vários grupos.

Antes de serem soltos, os botos recebem uma marca de identificação com nitrogênio líquido na nadadeira dorsal e um rastreador, que é fixado com ventosa na pele e assim permanece entre 12 e 24 horas para emitir dados do animal e da água.

"O modelo da Sociedade Zoológica de Chicago e do Laboratório Mote Marine mostra como o trabalho em rede tem grande potencial. O intercâmbio entre pesquisadores de todo o mundo e a preocupação com o aprendizado dos visitantes foram pontos muitos interessantes", aponta Castilho.

Modelo para Laguna

Para o docente de Engenharia de Pesca da Udesc Laguna, atualmente não existem condições de implantar o modelo da captura de golfinhos dos Estados Unidos para a coleta de dados no município.

"A logística seria mais complexa. A Lagoa de Santo Antônio não tem muitos bancos de areia, a água é escura e o nosso golfinho tem tamanho maior, com 250 quilos, 60 a mais do que na Flórida", diz.

"Mesmo assim, volto bem empolgado para transformar o curso de Engenharia de Pesca também em uma referência", declara, mencionando a estrutura do Laboratório Mote Marine, com coleções científicas, equipamentos e estratégias de monitoramento de mamíferos marinhos.

"Eles possuem tanque de recuperação e centro de treinamento para golfinhos e peixes-bois, que também são encontrados na Baía de Sarasota, além de aquário com outras espécies", salienta.

Outro ponto visto por Castilho foi o zoneamento criado na Baía de Sarasota para impedir que embarcações continuassem prejudicando os peixes-bois. "O modelo deles deu certo. Analisei ideias e possibilidades de metodologias para aplicar em Laguna, onde ainda não temos um plano assim."

Leia mais:

26/11/2013 - Udesc Laguna registra mortes de três espécimes de golfinho ameaçado de extinção

17/10/2013 - Udesc Laguna prepara parcerias para projeto de biodiversidade na APA da Baleia Franca

23/5/2013 - Professor da Udesc Laguna participa de gravação da BBC sobre interação entre botos e pescadores

Assessoria de Comunicação da Udesc
Jornalista Rodrigo Brüning Schmitt
E-mail: rodrigo.schmitt@udesc.br
Telefones: (48) 3321-8142/8143
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