Uma vacina contra bronquite infecciosa de galinhas que foi desenvolvida durante pós-doutorado na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, pela professora
Lenita Moura Stefani, do curso de Zootecnia do
Centro de Educação Superior do Oeste (CEO), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), será testada em agosto.
Essa etapa ocorrerá em isoladores altamente seguros na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Depois disso, a Udesc e a instituição americana poderão iniciar a fase de obtenção da patente.
Segundo Lenita, os testes para comprovar a eficácia da vacina já foram feitos em laboratórios da Universidade de Maryland, mas novos resultados precisam ser obtidos no Brasil, já que o produto foi elaborado especificamente contra o vírus brasileiro causador da doença.
Os testes no País, maior exportador mundial de carne de frango, serão executados pela médica veterinária Regiane Crecencio, que é graduada pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e cursará o Mestrado em Zootecnia da Udesc Oeste. O trabalho servirá de tema para a dissertação.
De acordo com a professora, a obtenção da patente da vacina pela Udesc será feita por uma empresa já licitada pela universidade. Depois, o produto precisará receber licença do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para poder ser comercializado.
Durante a permanência nos EUA, Lenita teve orientação do professor Vikram Vakharia para o desenvolvimento da vacina.
Ele visitou Chapecó em abril, quando se reuniu com professores e alunos de Zootecnia e foi palestrante no 17º Simpósio Brasil Sul de Avicultura, realizado no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, para falar sobre vacina infecciosa e novas tecnologias para o controle.
Doença no mundo inteiro
Segunda a professora da Udesc Oeste, que recebe bolsa de pós-doutorado no exterior pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a bronquite infecciosa afeta as galinhas no mundo inteiro e é hoje, no Brasil, a doença de maior relevância para a avicultura.
"Não há tratamento e, por isso, a prevenção, por meio de vacinas e biossegurança nas granjas, é fundamental", afirma.
Lenita explica que a doença é altamente infecciosa, de origem viral e caráter agudo, que acomete aves em ambos os sexos na criação para a produção de carne e de ovos, "nas mais diferentes idades, em praticamente todas as regiões do mundo onde existe avicultura industrial".
"O vírus pertence ao gênero Coronavirus, da família Coronaviridae. A esta família, também pertencem os agentes da enterite transmissível dos perus, da hepatite viral dos camundongos (MVH), da gastroenterite transmissível dos suínos (TGE) e da gastroenterite transmissível dos cães. São descritos ainda agentes da diarreia neonatal dos bezerros e gastroenterite dos potros", explica.
A doença não é transmissível ao ser humano, mas a docente ressalta que a bronquite infecciosa destrói o aparelho respiratório e urogenital das aves, "abrindo portas para outros agentes infecciosos e podendo também afetar não somente os frangos, mas as poedeiras e reprodutoras".
Impactos e prevenção
A enfermidade provoca redução de desempenho zootécnico ou mortalidade devido à doença respiratória em frangos de corte, à diminuição na produção de ovos em poedeiras e matrizes e à perda de produção causada por danos renais nesses dois tipos e em frangos de corte.
Atualmente, a prevenção é feita por meio de vacinação viva e oleosa. Entretanto, esclarece a docente, o que mais ajuda "certamente são as exigentes normas de biossegurança presentes nas granjas onde as aves são criadas".
Lenita ressalva que há problemas com a atual vacina, porque o vírus da doença é altamente mutagênico, "o que leva ao surgimento de novas variantes do vírus que a vacina não protege". Para o desenvolvimento de novas vacinas, são usadas diversas técnicas de biologia molecular, como sequenciamento, clonagem e cultivo celular.
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01/04/2015 - Professora da Udesc Oeste desenvolve vacina contra bronquite infecciosa de galinhas nos Estados Unidos
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