PROJEÇÕES DE SECA E BALANÇO HÍDRICO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CUBATÃO: APLICAÇÃO DE ÍNDICES SPI E SPEI
Início: 15/09/2025
Duração: 1 ano
Descrição:
As mudanças climáticas podem ser analisadas em termos de seus efeitos sobre os desastres naturais, a vulnerabilidade das populações e ecossistemas, e a adaptação aos respectivos impactos (de Farias & Scheibe, 2024). Com alterações significativas nos regimes de chuvas, temperaturas, evaporação e umidade em relação aos valores históricos, esse fenômeno está associado ao aquecimento global decorrente do aumento das emissões de gases de efeito estufa por atividades antrópicas, especialmente nas últimas três décadas (Hirata et al., 2019). As mudanças na temperatura atmosférica e no balanço de radiação interferem no ciclo hidrológico. Modelos climáticos fornecidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam mudanças substanciais nos padrões de precipitação. Com maior variabilidade e distribuição temporal das vazões dos rios, eventos hidrológicos críticos (como secas e enchentes) tendem a se tornar mais frequentes (Gondim et al., 2010; Breda et al., 2023). O Estado de Santa Catarina possui um histórico bem documentado de enchentes e deslizamentos de terra (Speckhann et al., 2017), com uma incidência crescente de secas nos últimos anos (De Miranda & Conceição, 2023). Além dos períodos prolongados de estiagem regular, a escassez de água também resultará da degradação dos recursos hídricos, pois eventos extremos de precipitação transportam sedimentos, patógenos e outros contaminantes para os corpos d’água (DeNicola et al., 2015; Donadelli Sacchi et al., 2024). Na Região Sul, a intensificação de eventos climáticos extremos é influenciada pela elevada amplitude térmica anual, pela variabilidade espacial e sazonal do clima médio e por flutuações interanuais significativas de chuvas e temperaturas devido aos fenômenos El Niño e La Niña (Minuzzi & Frederico, 2017). 2.1. Impactos da Seca A seca é um risco particularmente complexo devido às suas definições variadas, impactos específicos de contexto e à vulnerabilidade social em constante transformação. Segundo Wilhite et al. (2007), ao contrário de outros desastres ambientais, as consequências da seca não são determinadas apenas por déficits meteorológicos, mas pela interação entre a variabilidade climática e as demandas humanas sobre os recursos naturais. Uma seca de magnitude semelhante, hoje, pode resultar em impactos bastante diferentes em comparação a um evento passado, devido a mudanças na população, uso da terra e condições econômicas. O comportamento da sociedade frequentemente agrava os impactos da seca ao superestimar a disponibilidade hídrica, desconsiderar a variabilidade climática natural e degradar a base de recursos. Essa má gestão amplifica a vulnerabilidade – uma condição em evolução influenciada por fatores sociais, econômicos e ambientais. Como afirmou Randolph Kent (1987), o desastre ocorre quando um risco, como a seca, expõe a vulnerabilidade de um grupo a ponto de ameaçar sua sobrevivência e estabilidade social. Considerando os impactos diretos e indiretos, os efeitos das secas podem ser, respectivamente, diretos: redução da produtividade agrícola e florestal, queda nos níveis dos corpos d’água, aumento do risco de incêndios, maior mortalidade de rebanhos e fauna silvestre; e indiretos: perda de renda, inflação nos preços dos alimentos, desemprego, aumento dos gastos públicos com assistência, instabilidade social e deslocamento populacional. Frequentemente, essas perdas indiretas superam os danos diretos, além disso, os desastres em cascata gerados pelas crises hídricas podem levar à escalada de impactos e a crises secundárias (Pescaroli et al., 2024). Levando em conta as dimensões econômica, ambiental e social, os impactos da seca podem ser: i) Econômicos – devastação dos setores agrícola e energético, ao mesmo tempo em que pode beneficiar outros, criando um cenário de “vencedores e perdedores” dependendo da localização e posicionamento no mercado; ii) Ambientais – déficits hídricos prolongados degradam ecossistemas e a biodiversidade; iii) Sociais – a seca pode corroer a resiliência comunitária, aumentar desigualdades e sobrecarregar as respostas institucionais. A região de Joinville, Nordeste de do Estado de Santa Catarina, apesar dos altos índices pluviométricos atuais na região, enfrenta aumento da demanda por água em função do crescimento populacional e econômico. O Município, sozinho, é responsável por aproximadamente 10% do produto interno bruto (PIB) de Santa Catarina, IBGE (2021) e a disponibilidade hídrica, se respeitados os limites legais do Estado, já é limitada. Somando a isso, Dill et al (2022), Dias et al. (2023) e Dias et al (2025) simulando vazões futuras na bacia hidrográfica do Rio Cubatão, verificaram que em diferentes cenários de concentrações (SSP2 e SSP5) haverá redução de vazão no Rio. Além disso, a mudança atualmente permitida no uso do solo da bacia impactará ainda mais o cenário. Isso, poderá levar a conflitos futuros pelo uso da água na bacia, a exemplo do que já ocorreu em 2020 no Estado e exigiu a emissão da Nota Técnica conjunta 04/2020, SDS (2020).
Integrantes: Virginia Grace de Barros-Integrante, Vítor Hein Teixeira-Integante
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