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Notícia

20/04/2022-15h06

Udesc Cefid apresenta estudos com pacientes pós-Covid em evento de fisioterapia

Duas pesquisas abordam serviço de telefisioterapia feito pela Udesc Cefid - Imagens: Reprodução
Três estudos com pacientes que tiveram Covid-19 desenvolvidos por pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), serão apresentados durante o 20º Simpósio Internacional de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (Sifr), maior evento da especialidade no mundo, que ocorrerá entre 27 e 30 de abril, em Florianópolis.

Os trabalhos foram produzidos por integrantes do Núcleo de Fisioterapia Respiratória (Nufir), coordenado pela professora Elaine Paulin Ferrazeane, e integram a programação do simpósio na modalidade Pôster Temático.

Duas pesquisas estão relacionadas a um programa de telefisioterapia para pacientes pós-Covid desenvolvido pela Udesc Cefid: um relato de experiência de sua implementação e uma caracterização do público atendido. A terceira envolve um estudo sobre capacidade funcional, manifestações clínicas e saúde mental de pessoas que tiveram sintomas persistentes da doença.

Veja abaixo os resumos dos três estudos.

  • "Relato de experiência de implementação de um programa de telefisioterapia para pacientes pós-Covid-19". Autores: Laiana Cândido de Oliveira; Ariane Viviani de França; Débora Kellen Ferreira Fratoni; Carla Cristina de Souza Lima; Maria Eduarda Reis Godoy; Tharcylla Makowiecki de Souza; Camila da Rosa Ebert; Elaine Paulin Ferrazeane  
O estudo relata um programa de telefisioterapia oferecido pela Udesc Cefid para pacientes com sequelas cardiorrespiratórias e/ou motoras pós Covid-19, analisando desafios e repercussões positivas e negativas que esse tipo de tratamento implica para os envolvidos.
 
O programa atendeu pacientes de todo o Brasil, contactados por redes de compartilhamento digital, e incluiu avaliações das condições pulmonar, funcional e cognitiva. Os pacientes foram submetidos a um protocolo de tratamento duas vezes na semana, de forma síncrona e individual, guiado por uma fisioterapeuta, e estimulados a realizar outras tarefas.

Opinião dos pacientes

Ao final do tratamento, os pacientes foram submetidos à reavaliação e todos os envolvidos responderam escalas de satisfação. Dentre 17 pacientes que realizaram o protocolo de 10 sessões, quase todos (94,1%) se declararam "muito satisfeitos” e consideraram a telefisioterapia extremamente útil ou muito útil.

Como principais pontos positivos, foram apontados a acessibilidade e a gratuidade do tratamento; já os pontos negativos relatados incluem a dificuldade de compreensão de alguns exercícios e os problemas de conexão da internet durante a terapia.

Equipe clínica

Por parte da equipe clínica, formada por quatro fisioterapeutas como avaliadores e cinco como tratadores, a avaliação também apontou satisfação com a proposta do programa e o reconhecimento da utilidade da telefisioterapia.

Dentre os principais pontos positivos citados pelos profissionais envolvidos, destacam-se a acessibilidade, a qualidade do atendimento e a comodidade de não requerer deslocamento urbano. Já os principais pontos negativos pontuados foram as limitações produzidas pela ausência do contato terapeuta-paciente, a dificuldade de compreensão dos pacientes e as instabilidades da internet.

O estudo conclui que "a telefisioterapia é uma alternativa viável no tratamento de pacientes pós-Covid-19, mas envolve desafios que precisam ser gerenciados, tanto pelo paciente quanto pelo fisioterapeuta, para adequação do serviço ao contexto online, de modo a garantir a segurança e a satisfação dos pacientes e a efetividade do tratamento". 

  • "Caracterização antropométrica, clínica e funcional dos pacientes pós-Covid-19 atendidos num programa de telefisioterapia". Autores: Ariane Viviani de França; Débora Kellen Ferreira Fratoni; Carla Cristina de Souza Lima; Amanda Farias e Farias; Laiana Cândido de Oliveira; Malu de Souza Santos; Caroline da Cunha do Espirito Santo; Elaine Paulin Ferrazeane

O estudo buscou caracterizar antropometricamente (em relação às medidas e dimensões do corpo), clínica e funcionalmente pacientes pós-Covid-19 atendidos pelo programa de telefisioterapia realizado pela Udesc Cefid.

Conduzida de forma remota, a pesquisa selecionou 50 pessoas que testaram positivo e não estavam na fase agudizada da doença, mas ainda apresentavam sintomas respiratórios e/ou limitações funcionais.

"Pacientes pós-Covid-19 podem apresentar a longo prazo, mesmo após o período de remissão, comprometimento funcional, cognitivo e motor, e precisam ser submetidos a programas de reabilitação para otimizar suas atividades cotidianas", destacam os pesquisadores.

Os entrevistados foram analisados em testes de capacidade funcional, saúde mental, dispneia e fadiga, além de responderem a uma ficha de avaliação padrão.

Os pesquisadores concluíram que "a redução da capacidade funcional e a presença de dispneia e fadiga foram encontradas em pacientes que eram na grande maioria obesos e tinham sido hospitalizados por causa da doença".

  • "Avaliação da capacidade funcional e sua relação com as características demográficas e achados clínicos nos pacientes pós-Covid-19". Autores: Débora Kellen Ferreira Fratoni; Ariane Viviani de França; Laiana Cândido de Oliveira; Carla Cristina de Souza Lima; Jéssica Canizelli Gonçalez; Beatriz Demmer Wieser; Caroline da Cunha do Espirito Santo; Elaine Paulin Ferrazeane

O estudo buscou avaliar a capacidade funcional e sua relação com as características demográficas e achados clínicos, incluindo dispneia, e estado mental, como ansiedade e depressão, em pacientes pós-Covid-19.

Conforme explicam os pesquisadores, os pacientes que sobrevivem ao evento agudo da Covid-19 costumam sofrer com sintomas persistentes mesmo após o período de remissão, incluindo dispneia, fadiga e alterações mentais. "Entretanto, é desconhecido o impacto desses acometimentos na vida dos pacientes e se existe correlação entre eles", afirmam.

Realizada de forma remota, a pesquisa também selecionou 50 pacientes com teste positivo que não estavam na fase agudizada da doença, mas que ainda apresentavam sintomas respiratórios e/ou limitações funcionais. Os pacientes foram avaliados segundo a capacidade funcional, saúde mental, dispnéia e fadiga, além de submetidos a uma ficha de avaliação padrão.

As conclusões apontaram que a grande maioria dos pacientes teve redução da capacidade funcional e grave fraqueza muscular periférica e que a dispneia pode ser um sintoma que compromete essa capacidade. Para as demais manifestações clínicas, contudo, o estudo não apontou correlação significativa.

Mais de 40 estudos

Ao todo, a Udesc Cefid apresentará 43 trabalhos científicos no Sifr 2022: oito são na categoria de apresentações orais; cinco dentre os pôsteres moderados; e 30 em pôsteres temáticos. 

Docentes e pesquisadores vinculados ao centro também atuam na organização e na programação do evento. O simpósio é promovido pela Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (Assobrafir) e a edição deste ano é coordenada pela Unidade Regional Santa Catarina.

Mais informações podem ser obtidas nos sites do Nufir e do Sifr 2022.

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