TRILHAS EQUIGOV 2025
O Trilhas Equigov é um desdobramento do Encontro Internacional Equigov, com foco no aprofundamento de temas emergentes que se destacaram nas discussões ocorridas em outubro de 2024. Nesta primeira edição do Trilhas EquiGov, que será nos dias 3 e 4 de junho de 2025, o evento propõe um olhar atento sobre a equidade e o uso de dados na construção da resiliência climática, especialmente em comunidades vulnerabilizadas (Acselrad, 2010; Brum, 2021). Estão programadas atividades nas cidades de Florianópolis e Palhoça, em Santa Catarina.
A escolha dessa temática reflete o intenso engajamento gerado pelas discussões sobre os impactos desiguais das mudanças climáticas e a importância de instrumentos de planejamento baseados em dados com participação ativa das populações envolvidas (Muggah, 2024; Viola & Franchini, 2022).
Com uma programação que articula debates técnicos e diálogos comunitários, o evento buscará conectar estudos acadêmicos, saberes e experiências comunitárias e estratégias de gestão pública. A intenção é criar trilhas de conhecimento e ação que contribuam para políticas públicas mais justas e eficazes diante da crise climática (Krenak, 2019).
Também no dia 3 de junho, durante a roda de conversa, será feito o lançamento oficial do livro “Encontro Internacional EquiGov - Equidade nos serviços públicos por meio de governos e parlamentos abertos - Relatos e Reflexões”. A obra traz uma compilação de todos os debates que ocorreram em outubro de 2024, durante a realização do Encontro Internacional EquiGov. São trabalhos teóricos e práticos que foram apresentados no evento e uma análise acerca dos caminhos possíveis para a equidade nos serviços públicos. Em formato digital, o livro ficará disponível no site do EquiGov, após o lançamento oficial no dia 3.
PROGRAMAÇÃO
03/06/2025
Auditório UDESC ESAG
19h - Roda de conversa com:
Lançamento do livro “Encontro Internacional EquiGov - Equidade nos serviços públicos por meio de governos e parlamentos abertos - Relatos e Reflexões” - durante a roda de conversa.
04/06/2025
Visitas técnicas às comunidades do Frei Damião.
REALIZAÇÃO E PARCEIROS
O evento é realizado pela UDESC ESAG por meio do grupo de pesquisa Politeia e os parceiros são:
Quem são nossos convidados
VICTOR DOS SANTOS MOURA
Jornalista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Fundador do coletivo Redes do Beberibe, que atua em periferias de Recife e Olinda. Tem mais de 3 mil quilômetros de reportagens feitas de bicicleta pelo Nordeste. Autor do livro-reportagem “Ciclo Histórias pelo Recife”. Coordenador do curta-documentário “O plástico preto e as casas sob risco em Água Fria”, que fala sobre a luta por moradia segura no bairro onde cresceu. Hoje trabalha com transparência, Lei de Acesso à Informação e fiscalização do poder.
REGINA PANCERI
Assistente social, mestre em Serviço social, doutora em Gestão do Conhecimento, bacharel em Direito, gerente de Educação e Pesquisa da Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de SC, coordenadora geral do Programa Defesa Civil na Escola e Coordenadora do Comitê Técnico Científico da SDC. Professora convidada do Curso de Mestrado de Desastres Naturais da UFSC, com diversas publicações na área de riscos e desastres.
WILLIAN NARZETTI
Gerente Executivo do Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM), organização que atua há duas décadas no fortalecimento comunitário e no desenvolvimento territorial sustentável. Doutor e mestre em Administração pela UDESC|ESAG e economista pela UFSC, com especialização em Gerenciamento de Projetos. Possui 20 anos de experiência na gestão de projetos socioeconômicos, com foco em territórios vulnerabilizados no Brasil e no continente africano.
LAURA JOSANI ANDRADE CORREA
Cursou Doutorado em Literatura pela UFSC; Mestrado Multidisciplinar em Estudos da Cultura Contemporânea pela UFMT; Especialização em Gestão Escolar pelo SENAC, Graduação em Comunicação Social pela UFMT e Tecnólogo em Gestão Pública pela Unisul. É servidora da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), atua na Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, é Gestora do Núcleo de Pesquisa e Produção de Conhecimento. É integrante da Equipe Interinstitucional do Projeto Parlamento Aberto. Realiza pesquisas de interesse do Poder Legislativo catarinense nas áreas da política, história, educação, cultura, comunicação e administração pública.
OBJETIVOS DO TRILHAS EQUIGOV
Geral
Aprofundar e disseminar os debates teóricos e práticos sobre temas que se destacaram no Encontro Internacional Equigov.
Específicos
RESILIÊNCIA CLIMÁTICA
Resiliência climática refere-se à capacidade adaptativa de sistemas sociais, ecológicos e institucionais de absorver, lidar com e recuperar-se dos impactos adversos das mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que mantêm e transformam suas funções essenciais, estruturas e identidade (Intergovernmental Panel on Climate Change, 2023; United Nations Environment Programme, 2023).
Esse conceito abrange três dimensões interligadas:
Capacidade de resistência – evitar ou reduzir danos imediatos causados por eventos climáticos extremos;
Capacidade adaptativa – ajustar práticas, políticas e comportamentos para lidar com novas condições ambientais e sociais;
Capacidade transformadora – promover mudanças estruturais nos sistemas sociais e institucionais para garantir justiça climática e sustentabilidade no longo prazo.
Na perspectiva das políticas públicas e da governança democrática, a resiliência climática pressupõe:
acesso equitativo à informação e aos recursos de adaptação;
uso estratégico de dados e evidências para planejamento e decisão;
engajamento ativo das comunidades locais nos processos decisórios;
e integração de saberes técnicos e tradicionais para respostas territorializadas e sustentáveis.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Mudanças climáticas referem-se a alterações significativas e duradouras nos padrões do clima global ou regional, incluindo variações nas temperaturas médias, regimes de precipitação, frequência e intensidade de eventos extremos, como secas, enchentes, ondas de calor e tempestades (Santos, 2021).
São problemas complexos que exigem soluções complexas. O ciclo começa com as ações humanas no dia a dia, como uso da energia e da água, produção e consumo de bens, mobilidade e tratamento de dejetos. Numa escala global, na qual somamos 8 bilhões de pessoas, vivendo, em sua maioria, em cidades industrializadas, o impacto ambiental do estilo de vida contemporâneo é considerado um fator de aceleração das alterações climáticas (Klein, 2020). Esse ciclo de ação humana e reação ambiental se manifesta em temperaturas extremas, secas, inundações, mudança no comportamento de animais, perda da biodiversidade, novas doenças, entre muitos outros problemas (Santos, 2021).
Embora o clima da Terra sempre tenha passado por transformações ao longo de sua história geológica, o termo, em seu uso contemporâneo, refere-se principalmente às mudanças aceleradas e provocadas por atividades humanas, especialmente a partir da Revolução Industrial. Essas alterações decorrem, sobretudo, da emissão de gases de efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxidos de nitrogênio (NOₓ), gerados pela queima de combustíveis fósseis, desmatamento, agricultura intensiva e processos industriais.
As mudanças climáticas têm impactos multidimensionais:
ambientais, como a perda de biodiversidade, degradação de ecossistemas e acidificação dos oceanos;
econômicos, com prejuízos à agricultura, infraestrutura e cadeias produtivas;
sociais, ao acentuar desigualdades, afetar a segurança alimentar e hídrica, e aumentar a vulnerabilidade de populações já marginalizadas.
e de equidade, uma vez que os efeitos das mudanças climáticas são distribuídos de forma desigual, atingindo com mais intensidade grupos socialmente, economicamente e ambientalmente vulneráveis.
Nesse contexto, elas são também uma questão de justiça social e ambiental, pois seus efeitos são desigualmente distribuídos: comunidades de baixa renda, povos tradicionais e populações urbanas periféricas tendem a ser mais afetadas, com menor capacidade de adaptação e resposta.
Portanto, enfrentar as mudanças climáticas exige:
mitigação, ou seja, a redução das emissões de GEE;
adaptação, com políticas públicas que preparem os territórios para os impactos inevitáveis;
e governança participativa, que articule dados, saberes e ações de diversos atores — especialmente os mais vulnerabilizados — na construção de soluções justas e sustentáveis.
Essa abordagem deve necessariamente considerar critérios de equidade, como a participação efetiva de diferentes grupos sociais nas decisões, o reconhecimento de saberes diversos, e o desenho de soluções que contemplem as distintas condições de vida, riscos e capacidades de resposta. Promover a equidade significa garantir que as medidas climáticas não aprofundem desigualdades, mas contribuam para superá-las.
REFERÊNCIAS
Acselrad, H. (2010). Ambientalização das lutas sociais - o caso do movimento por justiça ambiental. Estudos avançados, 24, 103-119.
Brum, E. (2021). Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo. Companhia das Letras.
Intergovernmental Panel on Climate Change. (2023). Climate change 2023: Synthesis report. Contribution of working groups I, II and III to the sixth assessment report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. IPCC. https://www.ipcc.ch/report/sixth-assessment-report-cycle/.
Klein, N. (2020). O Mundo em Chamas: um plano B para o Planeta (1st ed., Vol. 1). Editorial Presença.
Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. Companhia das Letras.
Leff, E. (2001). Racionalidade Ambiental: a reapropriação social da natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. _. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez.
Muggah, R. (2024). A strategic approach to climate mobility adaptation and resilience in Latin America and the Caribbean (Policy Note No. 29). United Nations Development Programme. https://www.undp.org/es/latin-america/notas-de-politica
Santos, F. D. (2021). Alterações Climáticas. Fundação Francisco Manuel dos Santos.
United Nations Environment Programme. (2023). Adaptation gap report 2023. UNEP. https://www.unep.org/resources/adaptation-gap-report-2023
Viola, E., & Franchini, M. A. (2022). Governança ambiental: da destruição das florestas até os objetivos de descarbonização. Revista USP, (134), 143-162.
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