O curso objetiva discutir e refletir sobre as relações possíveis entre modos de (des) subjetivação,
decolonialidade e dramaturgia, partindo de um corpus de estudo capaz de constituir um olhar comparativo
sobre a questão. Olhar que compreende como as diferentes instâncias da existência teatral da dramaturgia
se relacionam nesse contexto, pois, na interpretação tudo se encontra em relação: entre autor e leitor,
autor e encenador; texto e cena; personagem, ator e espectador; palco e plateia; dispositivos estéticos e
sociais; portanto, como algo que se constitui mais amplamente no âmbito dessas relações de força. Desta
forma, os modos de (des) subjetivação no âmbito da dramaturgia não se encontram presos ao texto,
escondidos em suas entrelinhas, ou em algum outro lugar misterioso do palco. Antes, são efeitos dessas
diferentes relações tal como se constituem no campo cênico como um espaço cindido entre dentro e fora
do âmbito estético-ficcional. Por outro lado, relações de força e de poder não deixam de se configurar
entre as partes, logo, a discussão sobre os modos de (des) subjetivação proposta se distancia da noção de
subjetividade autônoma enquanto forma dominante do self europeu burguês moderno que, ao ser
exportada para os países latino-americanos, levou à cosmética racial e sexual praticada pela dramaturgia
do continente no século XIX.