Notícia

Três paratletas ligados a projetos de extensão do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), disputaram provas de natação na edição nº 18 dos Jogos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc), em Blumenau, em setembro, e conquistaram 11 medalhas no total.

A Udesc Cefid foi representada por Giovani José dos Santos, Well Christina e Gustavo Ary da Roza, que integram as atividades de natação do centro para pessoas com deficiência.

Essa iniciativa é promovida pela parceria entre dois projetos de extensão: Reabilitação Multidisciplinar em Amputados (Ramp), coordenado pela professora Soraia Cristina Tonon da Luz, e Natação e Polo Aquático para Todos (NPA), liderado pela pesquisadora Lenise Souza. 

Segundo Lenise, "a paranatação surgiu no Ramp a partir da necessidade que percebemos em manter os pacientes amputados em atividade, mesmo após a alta da fisioterapia, assim como oferecer aulas de natação para pessoas com deficiência era uma vontade do NPA".

"Então, como eu faço parte dos dois projetos, Ramp e NPA, unimos forças das duas equipes para levar atividade física adaptada para essa população. Nada mais justo em um centro como o Cefid, que abriga estes dois cursos que se complementam, Educação Física e Fisioterapia", destaca a pesquisadora.

Superação e novas oportunidades

Giovani, que é o primeiro paciente amputado reabilitado pelo Ramp, disputou quatro provas pela equipe de Florianópolis no 18º Parajasc e conquistou duas medalhas de bronze, nos 50 metros nado livre e nos 100 m peito, mesmo estando com o ombro esquerdo lesionado.

"Fiz a minha reabilitação no Ramp, que se tornou, para mim, uma família, tanto que, após a minha alta, me tornei o primeiro paciente voluntário do projeto. Também conheci o projeto NPA, onde faço a parte da natação e também me tornei voluntário. Graças a esses projetos, eu voltei a ter condições de nadar. No ano passado, em junho, fui medalhista de bronze nos 100 m nado peito no Parajasc 2024 e, em dezembro, fui campeão da 22ª Travessia Internacional de Bombinhas na categoria PCD", conta o paratleta, que é amputado transtibial.

"Agradeço e muito à doutora Soraia e à Lenise por me conduzirem muitíssimo bem nessa jornada. Sem esses projetos e essas pessoas maravilhosas que compõem esses projetos, eu jamais teria conseguido. Gratidão."

Já Gustavo, de 18 anos, disputou sua primeira competição no Parajasc deste ano, defendendo o município de Antônio Carlos, da Grande Florianópolis. "Foi aquele nervosismo, aquele gelo na barriga, mas caí na água, dei meu melhor e sai de lá com quatro medalhas", comemora o paratleta, que foi ouro nos 100 m costa, prata nos 50 m livre e nos 100 m livre e bronze no 50 m borboleta.

Ele também destaca a importância dos projetos da Udesc Cefid: "Lá eu me sinto muito melhor. Eles me motivam a fazer projetos novos, novas oportunidades, e mostram que a vida não parou por ali [na amputação]".

Acolhimento e liberdade

Well Christina, que é autista e tem 32 anos, diz que participar do 18º Parajasc "foi uma experiência desafiadora e enriquecedora", tendo obtido cinco medalhas de prata por Florianópolis nas seguintes categorias: 50 m livre; 50 m costas; 50 m peito; 100 m costas; e 100 m livre.

"A natação, para mim, significa muito, é vida, é onde me sinto parte, pertencente, me sinto cheio de vontade, com vida. Nas águas, eu sinto muita paz, mesmo fazendo exercícios. Nasci para isso, respirar e nadar. Amo estar dentro da água", ressalta. 

"A natação é meu espaço de liberdade e cuidado: onde respiro, foco e me reconecto com meu corpo. É treino, é refúgio e é encontro. Dentro d'água, eu encontro ritmo, silêncio e uma clareza que nem sempre tenho fora dela.
Aprendi a nadar com técnicas em 2017. Mas sempre gostei de água, de mar, de me aventurar."

Well conta que sua inserção na paranatação começou na Udesc Cefid. "Quando cheguei, foi uma mistura de felicidade, de encontrar um projeto com um receio se me incluiriam e me aceitariam por eu ser autista. A professora Lenise me acolheu e disse que lá era o lugar para todas pessoas com deficiência."

"Para competir [no Parajasc], fiquei com muita ansiedade e passei mal na noite anterior e alguns minutos antes de nadar. Era uma mistura de nervosismo, com medo, com insegurança, um frio na bariga, medo de desapontar atletas de Floripa, meu professor, foi uma mistura de emoções e sentimentos dentro de mim. Um monte de gente, de regras, de informações, o medo de falhar era grande", afirma.

Mas tudo mudou após a largada: "Foi incrível, divertido, era só eu e eu ali. Meu único foco era concluir a prova, ir e voltar, chegar. E fiz isso, só depois soube dos resultados. Aí o sentimento mudou! Virou alegria, coragem, eu consegui, era como se meu corpo transbordasse de potência. Um sentimento incrível de 'eu posso!'".

Well, que chegou a ter muitas dores nas pernas depois de uma das provas, também agradeceu à sua equipe pelo acolhimento e pelo incentivo e destacou que quer aprimorar foco e técnica para as próximas competições. 

"A experiência me lembrou que competir é, acima de tudo, celebrar o caminho que a gente constrói. E eu quero construir mais e mais e mais. Quero treinar saídas com saltos, que não me sinto confiante de fazer. A professora Lenise me ensinou uma vez num treino, mas nunca mais repeti e, no dia da competição, fiquei com medo de tentar fazer e sair errado ou ser desclassificado. Depois comentei com ela que quero melhorar agora as técnicas e minha performance. O resultado disso é você pode! E eu quero poder mais também!", conclui.

Mais informações

Mais informações podem ser obtidas no Instagram, nos perfis do Ramp e do NPA.

Novidades da Udesc Cefid também estão disponíveis nas mídias sociais do centro: Instagram, Facebook, X (Twitter), Bluesky e WhatsApp.

Assessoria de Comunicação da Udesc Cefid
Jornalista Rodrigo Brüning Schmitt
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