Os pesquisadores Jean Bettoni (à esquerda) e Murilo Dalla Costa - Foto: Mirella Guedes
Uma técnica inovadora no Brasil para erradicação de vírus em macieiras foi desenvolvida por um estudante de doutorado do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Lages, em parceria com um pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
Trata-se da crioterapia de materiais genéticos em vegetais, que possibilita conservar embriões, sementes ou outros tecidos da planta, por tempo indeterminado, utilizando nitrogênio. No caso das macieiras, o nitrogênio é usado para eliminar células e tecidos infectados de plantas cultivadas em laboratórios, criando plantas isentas de vírus.
Os resultados da pesquisa fazem parte da tese de doutorado de Jean Carlos Bettoni, orientada pela professora Aike Anneliese Kretzschmar, no Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal da Udesc Lages.
"Um dos principais problemas nos pomares de maçã são as viroses. Os métodos tradicionais apresentam resultados positivos, mas com ineficiência. Na macieira, se trabalha com complexo viral, ou seja, mais de um vírus, e a crioterapia tem potencial para erradicá-los", diz Bettoni.
A técnica é uma saída para produção de mudas de alta qualidade. Ela impede a ação dos vírus que implicam na baixa produtividade e na má qualidade dos frutos, problemas frequentes no cultivo de maçã, no Sul do Brasil. A crioterapia poderá entregar aos fruticultores mudas com boa condição sanitária. "A ideia é tornar a pesquisa aplicável, trazendo retorno para o produtor, para a Epagri e para a Udesc Lages", diz Bettoni.
Os resultados, segundo o pesquisador da Epagri, Murilo Dalla Costa, são promissores. No porta-enxerto de macieira da variedade Marubakaido, 90% das plantas que passaram pela crioterapia estavam limpas do complexo viral. "A técnica é rápida, barata e extremamente eficiente", explica Dalla Costa.
As mudas com resultados positivos foram entregues à Estação Experimental da Epagri, em Caçador, para serem multiplicadas, avaliadas e, mais tarde, disponibilizadas ao setor produtivo. O trabalho dos pesquisadores continuará com outras nove variedades de macieira de interesse para a produção do Estado. "O sucesso com o porta-enxerto Marubakaido é um indicativo forte de que a técnica pode ser aplicada nessas outras variedades", diz Dalla Costa.
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