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Notícia

01/09/2023-18h27

Pesquisa de doutorado em Artes Visuais da Udesc ganha Prêmio Capes de Tese

Khetllen  Costa, natural de Manaus, traz sua ancestralidade e vivências para a pesquisa. Foto: Divulgação

A tese de doutorado "Ressonâncias de afetos - raízes Afro-indígenas retratadas", desenvolvida pela pesquisadora Khetllen Costa no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) do Centro de Artes, Design e Moda (Ceart) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), conquistou o Prêmio Capes de Tese 2023 na área de Artes. Este é considerado o maior prêmio brasileiro em relação às teses de doutorado produzidas no país a cada ano.

A lista dos 49 selecionados, um por área de avaliação, foi publicada no Diário Oficial da União e divulgada nesta última quinta-feira, 31 de agosto, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Outros 97 doutores receberam menções honrosas pelas teses defendidas.

Khetllen foi orientada inicialmente pela professora Celia Antonacci Ramos e, na sequência, pela professora Silvana Barbosa Macedo. A tese foi defendida em 2022 na Udesc e está disponível no site da Biblioteca Universitária da universidade (parte 1 | parte 2).

O tema: "Ressonâncias de afetos - raízes afro-indígenas retratadas"

Nascida em Manaus/AM, pertencente a uma família afro-indígena e havendo se mudado para Florianópolis para cursar o doutorado, Khetllen traz sua própria ancestralidade, vivências e narrativas autobiográficas para a pesquisa.

Assim, a tese aborda inicialmente a ausência de fotos de suas ancestrais africanas e indígenas nos arquivos pessoais da família. Depois, estende-se para uma pesquisa em acervos históricos do Museu da Imagem e do Som do Amazonas (Misam), em Manaus/AM, e do Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo/SP, em busca de retratos de mulheres afrodescendentes e indígenas realizados entre a segunda parte do século 19 e a primeira metade do século 20 no Brasil, apontando para um “apagamento simbólico das mulheres racializadas retratadas” nestes arquivos, segundo a pesquisa.

Na tese, ela também produz uma coleção de livros de artista composta por oito obras, a partir dos arquivos públicos e pessoais trazidos para o trabalho. Nestes livros, dialoga também com outras mulheres artistas afrodescendentes e indígenas. Por fim, constrói outras narrativas em relação às mulheres fotografadas, no intuito de valorizar suas identidades, culturas e subjetividades, conforme introdução do trabalho.

“Eu vejo que esse prêmio não é algo só meu. Sinto que isso é de muitas mulheres. Tanto das mulheres da minha família, como da minha mãe, da minha avó, da minha bisavó. De todas essas mulheres que eu trago comigo nessa minha linhagem matriarcal, como também das que encontrei no acervo, que trabalhei, que ficaram invisibilizadas nesse arquivo. Então para mim, esse prêmio é de todas”, conta a pesquisadora.

Importância para a área

As professoras do PPGAV Luana Wedekin, Mara Rúbia Sant'Anna e Débora Pazetto, integrantes da comissão para indicação da tese a concorrer ao prêmio, destacam a qualidade da pesquisa realizada: “O trabalho conjuga uma temática atual e necessária, com metodologia original que alia pesquisa documental numa perspectiva cheia de sensibilidade e que se corporifica na produção artística. Do mergulho na própria ancestralidade, Khetllen e seus livros transcendem a vivência pessoal para atingir uma experiência social relacionada ao apagamento histórico de memórias de mulheres negras e indígenas”, afirmam.

As professoras comentam, ainda, sobre a qualidade artística nos livros de artista produzidos, a importante contribuição para as metodologias da pesquisa em arte, e destacam o projeto gráfico da tese também como um aspecto que a distingue, entre outros pontos.

Khetllen também pontua a conexão de sua tese com outros trabalhos e debates no campo da arte contemporânea: “Eu sinto que o trabalho dialoga com os debates da arte contemporânea em relação à questão da ancestralidade. Durante a tese eu trago o trabalho de outras mulheres artistas, tanto indígenas, quanto afrodescendentes, como a Rosana Paulino, a Aline Motta, a Moara Tupinambá, além de outras que trazem essas questões da invisibilidade, das ausências de imagens que percorrem a sua trajetória familiar também. Então sinto que falar desse tema é criar uma rede de diálogos que vêm acontecendo em outras produções artísticas de mulheres", afirma.

Khetllen Costa possui graduação em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestrado em Letras e Artes pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). No Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) da Udesc, desenvolveu o doutorado na linha de pesquisa "Processos Artísticos Contemporâneos". 


Sobre o prêmio

Este ano, concorreram 1.469 teses, o maior número em 19 edições já realizadas pela Capes. Por meio da premiação, são reconhecidos os melhores trabalhos de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros.

Os autores premiados, como Khetllen, receberão bolsas de até um ano para estágio pós-doutoral em instituição nacional, certificado e medalha. Os orientadores ganharão um prêmio no valor de até R$3 mil, além de certificados que também serão oferecidos aos coorientadores e aos programas de pós-graduação nos quais as teses foram defendidas.

Dentre as 49 teses premiadas, três ainda serão selecionadas para o Grande Prêmio Capes de Tese (sendo uma de Humanidades, outra de Ciências da Vida e uma de Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar), com solenidade de entrega marcada para dezembro. 

Assessoria de Comunicação da Udesc Ceart
Jornalista Laís Campos Moser*
E-mail: comunicacao.ceart@udesc.br
Telefone +55 (48) 3664-8350
*Com informações da Coordenação-Geral de Comunicação Social (CGCOM) da Capes
Notícia atualizada em 04/09/2023, às 15h58.

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