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Notícia

17/12/2013-16h52

Pesquisas da Udesc Laguna desenvolvem técnicas para cultivo comercial do robalo

Foco dos principais experimentos é o robalo-flecha, peixe que atinge 24 quilos quando adulto - Fotos: Mauro Tortato
O curso de Engenharia de Pesca da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Laguna vem realizando uma série de experimentos com os robalos-flecha e peva, peixes que são encontrados no Oceano Atlântico e também se adaptam em ambientes de água salobra e doce.

"Queremos contribuir com informações para gerar um pacote tecnológico de cultivo dos robalos no Brasil, que ainda não existe comercialmente. Hoje só há ações isoladas", comenta um dos coordenadores do Laboratório de Aquicultura da Udesc Laguna, professor Giovanni Lemos de Mello.

Focados no robalo-flecha (Centropomus undecimalis), os principais estudos buscam desenvolver o cultivo dele em sistemas de recirculação, com alta densidade, troca zero de água e amplo tratamento, assim como avaliar o desempenho da espécie em fazendas de carcinicultura marinha.

Além do docente, participam diariamente desses experimentos os bolsistas Daniel Correia e Wagner João Vieira, acadêmicos de Engenharia de Pesca.

O robalo é o peixe mais caro na tabela do principal entreposto de pescado da América Latina, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). De acordo com a cotação desta segunda-feira, 16, o quilo do robalo é de R$ 30, enquanto o do salmão grande vale R$ 21,50.

"A carne do robalo tem uma qualidade superior", afirma Mello, que está conciliando os experimentos na Udesc Laguna com os trabalhos no Doutorado em Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A tese dele abordará a pré-engorda do robalo-flecha e os efeitos de salinidade, temperatura, alimento e alimentação na sobrevivência, no crescimento e na atividade de enzimas digestivas da espécie.

Experimentos

O Laboratório de Aquicultura da Udesc Laguna fez dez pesquisas com robalos neste ano, estando três em andamento.

Uma delas simula três densidades para a pré-engorda do robalo-flecha, com 200, 350 e 500 peixes por metro cúbico em água salobra, além de usar ou não substratos verticais na coluna d'água para aumentar o conforto e reduzir o estresse dos animais confinados.

No experimento, há 18 tanques com 246 juvenis, que vieram do Laboratório de Piscicultura Marinha da UFSC, parceira da instituição estadual na área de Aquicultura. "A criação de robalos juvenis em escala comercial é um dos maiores gargalos para a produção no País", diz o professor Giovanni Mello.

Em outro estudo, o laboratório da Udesc Laguna analisa os efeitos de duas rações comerciais brasileiras na sobrevivência e no crescimento de juvenis de robalos-flecha. São 60 peixes, 30 em cada dieta, que vieram com 60 gramas e já estão dobraram de peso – a meta é fazê-los atingir 200g.

"Nesse experimento, queremos ver qual ração faz o peixe engordar mais e, no primeiro semestre de 2014, compará-la com uma dieta experimental que está sendo desenvolvida pelo Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos da Udesc Laguna, sob coordenação do professor Maurício Coelho Emerenciano", explica o docente.

Além disso, os pesquisadores querem descobrir quanto tempo exatamente os robalos levam para atingir o peso comercial, de meio quilo. "Considerando as rações comerciais disponíveis no mercado nacional atualmente, ele alcançaria esse peso em dois anos, mas queremos diminuir esse tempo para um ano", conta Mello.

Em comparação, a principal espécie de peixe cultivada hoje em SC e no Brasil, a tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus), leva somente cinco meses para alcançar peso similar. O preço do quilo dela no Estado gira em torno de R$ 3,50.

O terceiro estudo em andamento testa o efeito de dois níveis proteicos e diferentes densidades na pré-engorda do robalo-peva (Centropomus parallelus), que chega até três quilos quando adulto.

Essa espécie é o foco de um projeto do qual a Udesc Laguna participa, ao lado da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), sendo coordenado pelo professor Vinícius Ronzani Cerqueira, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Fazendas de camarão

Quando os robalos-flecha juvenis atingirem 200g, ainda neste mês, eles serão cultivados em duas fazendas de camarão em Laguna. "A estrutura delas é ótima para os robalos e vamos ganhar mais escala", enfatiza o docente Mello.

Segundo o professor, a ação também ajudará, no futuro, a reativar fazendas da região, afetadas seriamente pelo vírus da síndrome da mancha branca.

Apesar de não ameaçar o ser humano, pelo fato de não ser uma zoonose, esse vírus enfraquece o sistema imunológico do camarão e causou, a partir de 2004, o fechamento das 92 fazendas construídas às margens do Complexo Lagunar do Sul do Estado.

"A presença do vírus da mancha branca em Santa Catarina completará uma década em no próximo ano, quando apenas cinco fazendas da região produzirão de maneira experimental", comenta Mello.

Sistemas ecológicos

O professor de Engenharia de Pesca afirma que todas as pesquisas na área de Aquicultura da Udesc Laguna seguem a linha de desenvolvimento de sistemas mais ecológicos para o cultivo de espécies aquáticas.

Uma delas, por exemplo, estuda o aproveitamento de resíduos alimentares e nutrientes dos robalos, como nitrogênio e fósforo, em sistemas multitróficos com ostras nativas e macroalgas marinhas. Por meio dos efluentes de apenas uma espécie, é possível cultivar outras duas, o que gera receita adicional, recicla nutrientes e contribui com a sustentabilidade.

Essa linha de pesquisa foi desenvolvida a partir de iniciativa do acadêmico Luiz Henrique Castro David, que está na sétima fase de Engenharia de Pesca e há praticamente um ano dedica-se a pesquisar o que existe relacionado ao tema no mundo.

"No Laboratório de Aquicultura, focamos nossos esforços de pesquisa em quatro sistemas principais: recirculação em água clara; sistemas de bioflocos; sistemas multitróficos; e aquaponia, que é o cultivo consorciado de plantas e animais aquáticos", ressalta Mello.

Em outubro, o professor Maurício Emerenciano foi contemplado com a aprovação de um projeto de pesquisa no edital universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para desenvolver um pacote tecnológico de produção de juvenis de tilápia em sistema de bioflocos, o que reduziria o tempo de cultivo da espécie.

Leia mais:

29/11/2013 - Udesc Laguna prepara experimento para avaliar qualidade da água da Lagoa de Santo Antônio

29/10/2013 - Udesc tem 25 projetos de pesquisa selecionados na chamada universal do CNPq

Assessoria de Comunicação da Udesc
Jornalista Rodrigo Brüning Schmitt
E-mail: rodrigo.schmitt@udesc.br
Telefones: (48) 3321-8142/8143 
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