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Notícia

30/05/2017-14h34

Programa Ecomoda da Udesc auxilia na reintegração de reeducandas de presídio da Grande Florianópolis

Bonecos para chaveiros confeccionados por reeducandas do Presídio Regional de Tijucas. Foto: Divulgação
Afinal, qual é o valor do tempo? Para as reeducandas dos presídios de Florianópolis e de Tijucas, seus minutos, horas, dias talvez sejam seus bens mais valiosos. Vivendo em um lugar onde para algumas o tempo parece não passar e, para outras, teima em correr, as mulheres em situação de cárcere cumprem suas penas pensando na vida fora das grades e no lugar que vão ocupar no mundo quando reconquistarem a liberdade.

Há alguns anos, as reeducandas passaram a bordar seus sonhos mesmo dentro de suas celas. Em 2013, chegou ao Presídio Feminino de Florianópolis o curso de capacitação do programa de extensão Ecomoda, do Centro de Artes (Ceart) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), que trouxe cursos e oficinas de pontos e bordados a mão, tecelagem, estamparia e tingimentos manuais, empreendedorismo social e economia solidária até 2014. A partir daquele ano, as atividades passaram a ser desenvolvidas no Presídio Regional de Tijucas por meio de parcerias e com o objetivo de capacitar profissionalmente as reeducandas e contribuir para a reintegração dessas mulheres na sociedade a partir da geração de emprego e renda.

No presídio de Tijucas, o trabalho desenvolvido em 2016 pelo Ecomoda – em parceria com o Instituto Trama Ética e o Grupo Integrado Obras Sociais (Gios), com apoio do Programa de Apoio a Projetos (PAP) da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) – vai além do empreendedorismo e da sustentabilidade. Segundo a professora Neide Schulte, coordenadora do programa, o conhecimento que as reeducandas adquirem no curso as empodera.

“A maioria das alunas está em situação de cárcere por causa dos companheiros e foram abandonadas por eles depois de presas. O aprendizado as ajuda a ver uma oportunidade de futuro e de resgate do ‘eu’, de suas identidades”, afirma Neide. A coordenadora destaca ainda que, geralmente, as participantes do projeto vêm de partes da sociedade com muitos problemas e que, se o sistema prisional, as empresas e as instituições de ensino não oferecerem oportunidades, as mulheres podem se tornar reincidentes.

Bordar, costurar e tecer tem despertado a criatividade e encantado as reeducandas, além de ajudar a passar o tempo com atividades que poderão auxiliá-las no futuro. E por ser tão valioso o tempo para elas, o maior desejo das mulheres dos presídios é que o trabalho com peças de vestuário feito durante o curso de capacitação do Ecomoda resulte na redução de suas penas. A Lei n. 7210/84 da Execução Penal garante ao condenado em regime fechado ou semiaberto a remição da pena por trabalho, estudos ou leitura – um dia de pena para cada três de trabalho ou 12 horas de frequência escolar, ou ainda quatro dias de pena para cada obra lida, com um limite de 12 obras por ano.

No ano passado, as mulheres do Presídio Regional de Tijucas também bordaram bolsas ecológicas para o Octa Fashion 2016, desfile de formatura do curso de Moda da Udesc, realizado no dia 12 de novembro. A expectativa é de que o projeto realizado no sistema prisional de Tijucas retorne no segundo semestre deste ano.

Toda a experiência do Ecomoda será relatada pela professora Neide Schulte no 1º Seminário Internacional de Arte e Educação Prisional que ocorre nos dias 30 e 31 de maio na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). O evento pretende avaliar a oferta de educação formal e não formal para as pessoas privadas de liberdade em estabelecimentos penais, além de estimular o desenvolvimento de projetos acadêmicos no âmbito do sistema carcerário.

Saiba mais sobre o 1º Seminário Internacional de Arte e Educação Prisional clicando aqui.

Um pouco sobre a história do Ecomoda

O programa de extensão Ecomoda surgiu em 2005 e tem como foco a capacitação em moda sustentável para contribuir com a redução do excesso de roupas descartadas, prolongando seu uso. Com a participação do curso de Moda da Udesc no 36º Congresso Mundial de Vegetarianismo, em 2004, e no 1º Veg Fashion , realizado em 2005, o Ecomoda começou a tomar forma com idealizações socioambientais como a diminuição do impacto ambiental causado pelo consumo e descarte desenfreado dos produtos de vestuário e a criação de oportunidades para os jovens de baixa renda que ingressavam nas oficinas e cursos do Ecomoda.

De lá para cá, o Ecomoda já realizou diversos cursos, oficinas, eventos, palestras, exposições e desfiles em Florianópolis, em outros estados e fora do país. Em 2007, o programa de extensão foi apresentado no I Encuentro Internacional de Diseño, Marketing y Moda, em Bogotá, na Colômbia com a conferência Desenvolvimento sustentável: um desafio para a moda e o desfile Retalhos do Brasil.

O programa do curso de Moda da Udesc volta a Bogotá em 2009, para apresentar a conferência Ecodiseño y Responsabilidad Social: Nuevos retos y exigencias para la industria de la moda”, na Câmara de Comércio de Bogotá, e o desfile Ecomoda na abertura da Semana de Moda de Bogotá. Em 2010, o processo de criação da coleção Primavera Silenciosa foi apresentada em uma palestra no evento Florens 2010, em Fizenza, Itália.

O trabalho do Ecomoda com a comunidade iniciou com o projeto Ecomoda na comunidade: ações sociais e ambientais, com cursos de capacitação, oficinas e palestras sobre produção e consumo éticos, unindo a geração de renda com a preservação do meio ambiente e utilizando materiais de confecção de vestuário que teriam o lixo como destino final. Até hoje, a responsabilidade social e ambiental e a economia solidária acompanham os projetos do programa.

Em agosto de 2016, iniciaram as aulas de costura básica pelo Instituto Trama Ética no Grupo Integrado Obras Sociais (Gios), que reúne voluntários para confecção de roupas que são doadas para pessoas carentes. Além de dar oportunidade de renda, o objetivo é que os alunos do curso de capacitação repassem os conhecimentos adquiridos para a comunidade. As alunas bolsistas de extensão do Ecomoda Bárbara Poerner e Isadora Dourado, e a bolsista de pesquisa Vitória Voltolini participam semanalmente das atividades no espaço do Gios, que em breve se tornará uma das sedes do Banco de Tecidos em Florianópolis.

Em 2016, com o apoio da Acif, o programa de extensão da Udesc e os demais parceiros ministraram o curso de capacitação em ecomoda para mulheres do presídio de Tijucas e para a comunidade de Florianópolis. O objetivo é que os projetos tenham continuidade em 2017, rumo ao 12º ano de atividades relacionadas à moda, sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.

Assessoria de Comunicação da Udesc Ceart
E-mail: comunicacao.ceart@udesc.br
Telefones: (48) 3664-8350

Esta reportagem foi apurada e escrita pela estagiária de Jornalismo do setor, a acadêmica Priscila Ribeiro, sob supervisão e edição da jornalista Laís Moser.

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