Egon Schaden (à dir.) na Avenida Paulista - Foto: Div.
Aluno de Claude Lévi-Strauss, Egon Schaden é considerado um dos pais da Antropologia no Brasil por ter ajudado a criar essa cadeira na Universidade de São Paulo (USP). Discutindo questões de imigração e conflito indígena, ele foi reconhecido no meio científico brasileiro e no exterior, viajando pelo mundo como professor visitante.
A memória do estudioso, nascido em São Bonifácio, em 4 de julho de 1913, estará mais viva neste ano, quando a cidade acolherá o
Seminário de Cem Anos de Egon Schaden, em 25 e 26 de julho.
O evento é organizado em parceria entre a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e a Prefeitura de São Bonifácio. O professor Pedro Martins, do curso de Teatro do Centro de Artes (Ceart), da Udesc, é um dos coordenadores do evento.
Entre as ações planejadas, estão o lançamento da comenda Egon Schaden pela Câmara Municipal de São Bonifácio, mesas-redondas e conferências com antropólogos que foram alunos e colegas do homenageado, com a mediação da presidente da ABA, Carmen Sílvia Rial.
Também estão confirmados uma exposição de fotografias de São Bonifácio feitas por Esdras Pio Antunes da Luz, professor de Artes Visuais da Udesc Ceart, e o lançamento do audiovisual "Egon, meu irmão", produzido pelo Núcleo de Antropologia Visual (Navi), da UFSC.
As inscrições para o seminário podem ser feitas no
site do evento, de forma gratuita.
Sobre Egon Schaden
Egon foi o filho mais velho de Francisco Schaden, um imigrante alemão e pesquisador de grupos sociais que atuou como primeiro professor de São Bonifácio. Autodidata, o pai também educou Egon, que, aos 14 anos, recebeu uma bolsa do Governo do Estado para realizar o ensino secundário no Colégio Catarinense, de onde saiu como melhor aluno e com o título de bacharel.
Começou sua carreira na USP em 1943 e, dez anos depois, fundou a primeira publicação científica da área, a Revista de Antropologia, referência até hoje.
"A cooperação científica entre pai e filho garantiu ao autodidata Francisco Schaden um lugar na Antropologia. Se por um lado o pai pode ter exercido influência na escolha temática do filho pela questão indígena, por outro lado, o filho retribuiu levando a produção científica do pai para congressos e publicações de alcance nacional", cita o professor da Udesc Pedro Martins, doutor em Antropologia Social pela USP, em um de seus artigos sobre o antropólogo.
Mas a vida em São Bonifácio não foi feita apenas de boas lembranças. A cena mais marcante da adolescência de Egon Schaden pode ter sido a imagem mostrada pelo pai da fileira de indígenas mortos no chão e sem orelhas – obra de bugreiros que atuavam na região naquela época. Começava aí o interesse de pesquisa por esses grupos que o acompanhou durante toda a vida.
Em entrevista à pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Mariza Corrêa, em 1984, logo depois de se aposentar, ele deixou claro seu compromisso com a educação, mais do que à criação de novas teorias.
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