A mostra [ gaveta(S) ], resultado da disciplina “Ação Educativa em Espaços Culturais”, oferecida na graduação e na pós-graduação em Artes Visuais do Centro de Artes (Ceart) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), pode ser visitada no Museu Histórico de Santa Catarina, localizado no Palácio Cruz e Sousa, a partir desta quinta-feira, 25.
Abertura ocorre às 19h desta quarta-feira, 24, e a visitação pode ser realizada até o dia 8 de setembro, de terça a sexta-feira, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h. A entrada é gratuita ao público.
Ao todo, 11 artistas participam da exposição: Airton Jordani, Ana Sabiá, Denilson Antonio, Fabio Wosniak, Josy Souza, Luciano Buchmann, Maressa Macedo, Neusa Duarte, Sandra Ramalho e Oliveira e Tatiana Cobucci.
O projeto inicial foi pensado como uma “mostra movediça”, no qual os mestrandos e doutorandos poderiam trabalhar ideias baseadas em seus desejos. Esta ideia foi tomando formas diferentes, até que a temática foi definida a partir do conceito de memória, constituída em uma metáfora, a de um objeto ou parte de um objeto banal do cotidiano, as gavetas.
O trabalho foi realizado de forma coletiva, dando mais liberdade aos autores, levando em conta o conceito polissêmico de gaveta, e também a utilização da concepção ampliada e pedagógica de trabalho de arte, em consonância com os autores estudados em uma disciplina da pós-graduação como pano de fundo.
“O que se pode observar é que se trata de um grupo formado por pessoas com passado, trajetórias e intencionalidades distintas, o que redunda em conceitos diferentes de memória, além dos diversos modos de abordar a temática. A potência de todos os trabalhos se concentra em um único foco, qual seja, o tema memória e sua metáfora, [ g a v e t a (S) ], assim como no interesse de todos pela arte e pela interação dos seres humanos com ela”, afirmam os organizadores.
Mostra coletiva feita com inspirações individuais
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"Gaveta[s] compartilhadas" é o título que Josy Souza deu ao conjunto de desenhos, ilustrações que dialogam entre si, compartilhando diversos sentidos em torno da ideia de trocas, inter-relações mediadas por matéria simbólica. Josy afirma que as ilustrações compartilhadas carregam pedaços de memória, infiéis, improváveis, ilusões que embaralham, mas guardam o tempo para o futuro.
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Luciano Buchmann intitula seu trabalho de “memória subterrânea”. Nele, retoma sua trajetória, “parte traço parte palavra”, na qual registrava e dava sentido a “dores, amores, rancores, sabores”. Para Buchmann, seu trabalho se origina na memória, que contém a angústia, não apenas sua, mas de milhares de brasileiros que se sentem impotentes diante de forças dominantes.
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Ana Sabiá apresenta um conjunto de três trabalhos, cada qual com três versões, trípticos contemporâneos sob a temática “Bela, recatada e do lar, 2016”, uma alusão ao momento político vivenciado no país. Ela o faz na perspectiva específica de questionamento feminista na arte contemporânea. Esta temática é utilizada também como objeto de estudo permanente da autora.
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Airton Jordani apresenta seu trabalho intitulado “Fundo da gaveta, fundo da memória”. De acordo com seu propositor, “lembranças de um passado distante, materializadas por fotografias antigas de família, são reconfiguradas por meio da técnica criada por Aloísio Magalhães nos anos setenta, a partir de colagens de múltiplos cartões postais sobre um suporte rígido, denominada cartema.
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“Lembrar é Existir” é o título dado por Tatiana Cobucci ao produto da sua ideia. Ela afirma que “a memória é onde resistimos e persistimos à aniquilação imposta pelo tempo, a distância, a impessoalidade e a velocidade da atualidade".
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Neusa Duarte, por sua vez, intitulou seu trabalho de “Por dentro de mim”, e afirma: “eu sou a maior criadora e conservadora das minhas memórias, que juntas contam a minha história. Minha mente atua como gavetas, onde as lembranças às vezes ficam escondidas, em outros momentos aparecem, se abrem na mente mesmo que ‘empoeiradas’ pelo tempo".
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“Corpo-Encontro-Acontecimento-Conhecimento ou somente um ensaio sobre o corpo” é o título do trabalho de Fábio Wosniak. O artista diz que pretende “ensaiar acerca de aprender a olhar o corpo sobre o sagrado instinto de não ter teorias. Aprender a arte de mal-aprender, de saber que aprender é pensar e pensar é se divertir, pensar sozinho. Ninguém se perde por não entender".
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Maressa Macedo parte de questionamentos: o que determina a memória é o nível de consciência no momento da experiência? Existem níveis diferentes de consciência? Quais as memórias que guardo da infância? Se eu não visse nenhuma foto, lembraria do que elas mostram? Seu trabalho “apresenta uma leitura irônica de todas essas indagações; seu título é “Fique a vontade, só não mexa em nada”.
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Mayra F foi buscar sentidos no fundo de uma gaveta, cartas de uma história verídica guardadas: palavras de seu bisavô, contrariando a vontade de sua avó de ser artista, o que Mayra desconhecia. E afirma: “fiquei pensando se eu não estou de certa forma concretizando os desejos da minha avó (...), e a vontade de trazer isso a tona é também contar dessa “vida que [não] aconteceu".
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Denilson Antonio quer despertar o olhar para dentro d’ “A cabeça de cada um”, vasculhando os arquivos da memória. Três cabeças de barro com gavetas na testa abrigam livrinhos sanfonados que contém suas memórias e espaços em branco onde os visitantes colocarão também suas memórias, que irão se incorporando à exposição. Trabalho pensado por ele há tempo como ação educativa, teve na memória o objeto que faltava.
Serviço:
O QUÊ: Exposição [ g a v e t a (S) ].
QUANDO: abertura em 24 de agosto, às 19h; visitação de 25 de agosto a 8 de setembro. De terça a sexta-feira, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h.
ONDE: Sala Martinho de Haro - Museu Histórico de Santa Catarina - Localizado no Palácio Cruz e Sousa - Praça XV de novembro, Centro, Florianópolis/SC.
QUANTO: Entrada gratuita.
INFORMAÇÕES: (48) 3665-6363.
Assessoria de Comunicação da Udesc Ceart
E-mail: comunicacao.ceart@udesc.br
Telefone: (48) 3664-8350
