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Notícia

21/07/2025-19h05

Projeto da Udesc é selecionado para Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo

Proposta aborda o ciclo das águas e o papel dos pescadores tradicionais

Projeto foi desenvolvido por estudantes da Udesc Laguna. Imagem: Divulgação
O projeto “+ pescador+meio+pescado +” é uma investigação arquitetônica e ecossistêmica que propõe um olhar cíclico para a arquitetura — um ciclo que conecta o alimento, quem o consome e o ambiente onde essa relação acontece. A proposta, desenvolvida por estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), foi selecionada para compor a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (BIAsp), um dos eventos mais prestigiados da área no Brasil e no mundo.

A iniciativa foi liderada pelo estudante João Vitor Bitencourt Pilati, sob orientação do professor Gustavo Pires de Andrade Neto e da arquiteta Gloria Cabral. O projeto, que envolveu uma equipe multidisciplinar do Centro de Educação Superior da Região Sul (Ceres), em Laguna, foi escolhido entre mais de 130 inscritos no Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura e Urbanismo, que teve 66 propostas homologadas e apenas 30 selecionadas para a exposição.

“A proposta do ‘+ pescador+meio+pescado +’ aponta para um mundo novo. É uma etapa concreta de um pensamento mais amplo, que simboliza algo que não acaba. Queremos mostrar que arquitetura não é só o construído — é a vida”, destaca João. “O projeto indica um novo modo de viver, mais integrado com os sistemas ecológicos e os saberes populares”, completa.

Arquiteturas para um mundo quente

Com o tema “Extremos: Arquiteturas para um mundo quente”, a Bienal de 2025 propõe reflexões sobre os desafios da arquitetura diante da emergência climática. A mostra deste ano está dividida em cinco eixos: preservar as florestas e reflorestar as cidades; conviver com as águas; reformar mais e construir verde; circular e acessar juntos com energias renováveis; e garantir justiça climática e habitação social.

“O tema da Bienal nos levou a refletir sobre como o futuro de Laguna será impactado por eventos cada vez mais extremos e frequentes”, explica o professor Gustavo Neto. “Além do aumento das chuvas e inundações, há previsões de temperaturas mais intensas, períodos prolongados de seca e maior poluição das águas da lagoa. Tudo isso evidenciava a necessidade de uma abordagem sistêmica para diagnosticar o território”, destaca.

O projeto nasceu do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de João Pilati, que destacava o papel central dos pescadores tradicionais no ecossistema de Laguna. “A atividade desses pescadores se tornou o fio condutor para entender o território e extrair ensinamentos para o futuro da cidade, envolvendo preocupações econômicas, de trabalho e de segurança alimentar”, relata o docente.

“Observamos que hoje as pessoas já não se banham na lagoa, evitam o contato com a água, sentem nojo e desconfiança da procedência dos pescados. Percebemos que perdemos essa conexão e queríamos reencontrá-la”, conta João. Para o estudante, em um mundo quente, não adianta propor uma megaobra para limpar a água se a produção poluente continua. “Foi aí que entendemos que não dava para trabalhar com apenas um eixo da Bienal. Para seguir a lógica do projeto, era preciso integrar todos os eixos — porque a vida funciona como um grande ecossistema”.

A equipe então realizou um diagnóstico aprofundado da relação histórica, cultural e econômica da cidade com a água, os peixes e os pescadores. A proposta inclui diretrizes territoriais e urbanísticas que integram infraestrutura ecológica , reuso de imóveis ociosos no centro histórico para moradia de pescadores e a construção de chinampas (ilhas flutuantes cultiváveis) sobre a lagoa, como estratégias de adaptação climática, soberania alimentar e inclusão social.

“Partimos de algumas premissas: o avanço do mar, as áreas vulneráveis e a realidade de quem vive nesses espaços. Vimos um centro histórico ocioso, caro, abandonado, quase em ruínas — mas também uma cidade com potencial, rica em cultura e vontade de se reinventar”, observa.

João conta que na cultura pesqueira de Laguna há um sentimento melancólico: muitos pescadores dizem que seu maior orgulho é ver os filhos seguindo outros caminhos, longe da pesca. “Isso nos fez pensar em como valorizar essa profissão tão importante, para que ela possa continuar existindo. Queremos pensar esse grupo morando no centro, com acesso aos pilares fundamentais para viver bem: moradia, trabalho, água, comida, lazer — tudo conectado", ressalta.

Para o futuro arquiteto e urbanista, a expectativa é que a exposição na Bienal seja um ponto de partida para novos desdobramentos. “Nosso maior desejo é que o público saia da exposição com um olhar mais atento aos ciclos naturais, às culturas tradicionais e à urgência de repensar como vivemos nas cidades. Que o projeto inspire não só arquitetos, mas todos que acreditam que é possível construir futuros mais justos e sustentáveis”, declara.

A exposição estará aberta ao público de 18 de setembro à 19 de outubro, na Oca do Parque Ibirapuera, em São Paulo, ao lado de trabalhos de instituições renomadas do Brasil e do mundo. Para o professor Gustavo, a seleção representa uma vitória coletiva. “Estar ao lado de instituições de renome é motivo de orgulho para a Udesc e mostra que a excelência pode surgir também de uma universidade regional pública, com dedicação e escuta do território”, afirma.

Confira a ficha técnica do projeto

Orientação:
  • Gustavo Pires de Andrade Neto – Professor (orientador)
  • Gloria Cabral – Arquiteta (orientadora externa)

Equipe:
  • João Vitor Bittencourt Pilati – Estudante de Arquitetura e Urbanismo (líder de equipe)
  • Agatha Antunes de Souza – Estudante de Ciências Biológicas (desenvolvimento)
  • Gustavo Henrique Pires – Estudante de Ciências Biológicas (concepção, pesquisa, texto e revisão final)
  • João Garrote – Estudante de Ciências Biológicas (pesquisa e ilustração)
  • Lucas Tavares – Estudante de Arquitetura e Urbanismo (texto e revisão final)
  • Marina Formighieri – Estudante de Arquitetura e Urbanismo (pesquisa)
  • Matheus Henckmaier – Engenheiro de Pesca, mestre em Ciências Biológicas e estudante de Arquitetura e Urbanismo (pesquisa)
  • Myllena Oliveira – Estudante de Arquitetura e Urbanismo (desenvolvimento)
  • Sofia Furtado de Araujo – Estudante de Arquitetura e Urbanismo (concepção, ilustração e texto)
  • Tony Rodrigues Torquato – Estudante de Arquitetura e Urbanismo (concepção, pesquisa, desenvolvimento, texto e revisão final)
  • Vera Lobo – Estudante de Ciências Biológicas (concepção e pesquisa)

Colaborações:
  • Rafael Sena – Trilha sonora
  • Yan Magalhães Marrese – Motion design

Saiba mais sobre a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo e sobre o Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura e Urbanismo.


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