O trabalho integra a tese de doutorado da docente sobre o saber popular no cultivo de plantas medicinais, defendida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Na pesquisa, Kiciosan destaca o trabalho das agricultoras Linda Canton e Asti Dreissing, de Cunha Porã; Ilany Toigo, de Caibi; Teresinha Royer, de Mondaí; e Ebel Schneider, de Palmitos.
Todas elas têm uma horta medicinal em casa e estão vinculadas à Pastoral da Saúde, ao Movimento de Mulheres Camponesas e ao projeto de Farmácia de Natureza Itinerante.
As agricultoras fornecem plantas à comunidade, preparam xarope, chás e creme e realizam cursos sobre plantas medicinais. Atualmente, existem cerca de 200 plantas medicinais, com destaque para manjericão, hortelã, cidreira, orégano, ginkgo biloba e boldo.
Análise de discursos
Na tese, a professora da Udesc Oeste, procura conhecer os discursos das agriculturas sobre plantas medicinais, seus deslocamentos e suas rupturas, além de analisar suas experiências no cultivo e uso das plantas, identificando saberes sobre a implantação e a regulamentação da fitoterapia na rede básica de saúde.
Kiciosan confronta os discursos das agricultoras com os do governo, representado pelas políticas públicas, e com os discursos profissionais, que tendem a valorizar pesquisas clínicas considerando os saberes populares como não científicos e subordinados aos saberes dos profissionais de saúde.
No trabalho das agricultoras, a docente disse ter encontrado formações que se unem e fortalecem o discurso de ser agricultora e de superar o preconceito e as dificuldades impostas para se aperfeiçoar e adquirir conhecimento por meio de cursos, capacitações e pesquisas na internet, assim como valorizar as plantas medicinais e "desqualificar o conhecimento dos profissionais de saúde por não terem a prática da cadeia produtiva das plantas".
Saber científico
Sobre a experiência das agricultoras no cultivo e na indicação de plantas medicinais, Kiciosan destaca que suas formações discursivas apontam o saber e o poder dos quais se sentem investidas e entendem que o chá não destrói o organismo, além de afirmarem que suas atividades são respaldadas por profissonais.
Ao identificar os saberes das agricultoras sobre a implantação e a regulamentação da fitoterapia na rede básica de saúde, a professora da Udesc Oeste destaca que elas não têm conhecimento sobre as portarias, manuais e demais publicações governamentais e questionam a autoridade do profissional de saúde e o espaço no Sistema Ùnico de Saúde (SUS) para quem conhece plantas medicinais.
"Dar voz e visibilidade às histórias dessas agricultoras agregou novas habilidades em minha prática de enfermeira e docente no sentido de juntar seus saberes para, em parceria, construirmos conhecimento na qualificação do cuidado e apresentar aos alunos outro olhar sobre tais saberes", ressalta Kiciosan.
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