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Notícia

24/08/2020-17h39

Pesquisa realizada pela Udesc Laguna analisa transformação arquitetônica no Mar Grosso

Estudo da universidade estadual aborda mudanças na tipologia residencial do balneário - Fotos: Divulgação
Sob coordenação da professora Danielle Rocha Benício, dois acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Educação Superior da Região Sul (Ceres), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Laguna, realizaram uma pesquisa de iniciação científica para estudar a transformação arquitetônica nas residências projetadas para o Bairro Mar Grosso.

Com o título "Arquitetura em extinção: a residência unifamiliar no Balneário Mar Grosso", a pesquisa já divulgou resultados preliminares no artigo "Da casa ao apartamento, das varandas às sacadas envidraçadas: a transformação do Balneário Mar Grosso". Veja o artigo.

Participaram do trabalho a acadêmica Juliana Atamanczuk de Oliveira e o acadêmico Marco Antônio Garcia Gava, que integram o Laboratório de Arquitetura - Teorias, Memórias e Histórias (Laboratório Artemis).

De acordo com Danielle, há uma grande mudança em curso, através da substituição da tipologia residencial – da casa térrea unifamiliar pelo apartamento em torre multifamiliar – ocorrida desde o surgimento do balneário, no final do século 19, até a situação atual.

Origem do estudo

"Durante o curso, os estudantes são provocados a desenvolverem a reflexão crítica acerca de problemáticas referentes às produções arquitetônicas do Brasil oriundas de tempos passados que sobrevivem no tempo presente", explica a coordenadora da pesquisa.

Danielle destaca a importância da ação de extensão Memórias de Laguna, coordenada pela professora Alice Viana, da Udesc Laguna, e do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Centro de Artes (Ceart).

"Essa iniciativa promoveu a digitalização dos acervos documentais lagunenses, tornando possível a análise dos projetos residenciais unifamiliares desenvolvidos entre 1920 e 1970 para o Balneário Mar Grosso", afirma.

Ontem e hoje

A cidade de Laguna surgiu no século 17, abrigada pelos morros nos limites norte, sul e leste. "O berço da cidade coincide com a área central e o centro comercial, região histórica tombada pelo Iphan em 1985", conta Danielle.

O Bairro Mar Grosso formou-se do outro lado desses morros, paralelo à praia. Foram erguidos os primeiros chalés de madeira no fim do século 19, e a região efetivou-se como balneário na primeira metade do século 20.

A partir da década de 1970, o bairro tornou-se local de veraneio e, hoje, é composto de moradias de ocupação permanente e de veraneio, além de edificações voltadas ao setor de comércio e de serviço.

As mudanças promoveram o incremento da infraestrutura, como pavimentação de ruas, implantação de redes de energia elétrica e água, entre outros.

Bairro verticalizado

"Esse desenvolvimento acelerou a substituição de casas térreas unifamiliares por apartamentos em torres multifamiliares, tornando o Mar Grosso o único bairro verticalizado do município", afirma Danielle.

Na opinião da pesquisadora, a limitação imposta pela preservação no centro histórico, tombado, acabou por favorecer a especulação imobiliária no Mar Grosso. "O bairro é explorado por grandes empreendimentos, sem qualquer proteção de preservação, ficando à mercê das demolições em prol do dito 'progresso'. Hoje, restam raros exemplares do casario remanescente da origem do balneário", destaca.

Preservação patrimonial

Segundo a coordenadora da pesquisa, o estudo do patrimônio cultural de Laguna e a análise crítica acerca da arquitetura residencial unifamiliar projetada para o Balneário Mar Grosso entre 1920 e 1970 são fundamentais para a preservação patrimonial.

"É necessário fazer um inventário das obras de arquitetura residencial unifamiliar remanescentes no balneário, já que tendem explicitamente à descaracterização, à destruição e, por conseguinte, ao desaparecimento e à perda irremediável e definitiva."

Para Danielle, o estudo oferece uma contribuição à escrita histórica e à valorização da memória do Balneário Mar Grosso, bem como provoca a ampliação da leitura da história de Laguna, fracionada ao seu centro tombado. "Nesse sentido, por não estar restrita à parte mais antiga, a pesquisa deflagra a compreensão da historicidade da cidade como um todo, no tempo e no espaço."

A pesquisadora ressalta ainda que o impacto dessas transformações não se restringe ao âmbito arquitetônico, mas também ao contexto urbano, gerando, por exemplo, o surgimento de corredores de vento pelas vias do Bairro Mar Grosso.

Danielle ressalta também a explosão populacional ocorridas nas temporadas de veraneio. "Provocando episódios de apagões de energia, faltas de água, lentidões nas redes de telecomunicação, transbordamentos do esgoto sanitário, congestionamentos de trânsito de veículos, entre outros transtornos", conclui.

Mais informações

Mais informações podem ser obtidas no site do Laboratório Artemis

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  • Estudo aborda mudança na tipologia residencial do balneário
  • Balneário Mar Grosso nos anos 1970
 
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